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Relatório fala em 340 milhões cristãos perseguidos no mundo. Covid-19 agrava discriminações

14 jan, 2021 - 12:41 • Olímpia Mairos

Situação dramática consta do relatório anual da organização não governamental “Open Doors” sobre as perseguições dos cristãos.

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O número de fiéis mortos pela fé, assim como as restrições à liberdade religiosa, aumentaram no último ano. A denúncia consta do relatório anual da organização não governamental (ONG) “Open Doors”, apresentado na última quarta-feira, em Roma.

Segundo o documento, “há mais de 340 milhões de cristãos no mundo, cerca de um em cada oito sofrem um alto nível de perseguição e discriminação, um fenómeno que para 309 milhões desses fiéis se torna até extremo, em 50 países”.

O trabalho da equipa da Open Doors, “empenhada em monitorizar a situação dos cristãos em 100 países", revela um agravamento substancial das situações de vulnerabilidade de cristãos individuais e comunidades de crentes “expostos à perseguição”. Segundo esta ONG, “a pandemia da Covid-19 criou um contexto para novas restrições à liberdade religiosa e fomentou a agilidade de grupos fundamentalistas e criminosos”.

Aumentam as mortes de cristãos

“A perseguição anti-cristã está a crescer em termos absolutos”, indica o relatório, estimando-se que, no “último ano, o número de cristãos mortos tenha sido de 4.761”, o que dá uma média de 13 por dia, significando um aumento de 60%.

Entre os 10 países com maior número de cristãos mortos, encontram-se a Nigéria e outros países da África Subsaariana.

De acordo com o relatório da “Open Doors”, os cristãos presos sem processo e encarcerados são 4.277, uma média de 11 por cada dia, e os cristãos sequestrados 1.710, uma média de quatro por dia.

Por outro lado, regista-se “uma diminuição no número de encerramentos, ataques e destruição de Igrejas e edifícios relacionados, como escolas e hospitais, para um total de 4.488 casos, em comparação com 9.488 no ano anterior”.

Perseguições acontecem em 12 países

Segundo o relatório, atualmente são 12 os países que revelam perseguições que podem ser definidas como extremas.

Em primeiro lugar, desde 2002, está a Coreia do Norte, segue-se o Afeganistão, a Somália, a Líbia e o Paquistão, onde a perseguição se manifesta na “violência anti-cristã, mas também na discriminação nas diversas áreas da vida quotidiana dos cristãos, em represália à lei anti-blasfémia”.

“Neste quadro complexo, condicionado por perseguições de diferentes origens - política, ideológica, étnica, religiosa, nacionalista, a pandemia tem evidenciado e agravado as vulnerabilidades sociais, económicas e étnicas de milhões de cristãos no mundo”, pode ler-se no relatório da ONG, que destaca o caso da India, “onde mais de 100.000 cristãos receberam ajuda de parceiros da Open Doors/Portas Abertas e 80% afirmaram terem sido afastados dos centros de distribuição de ajuda".

De acordo com o diretor da ONG Open Doors, Cristian Nani, citado no site do Vatican News, “muitos cristãos, em muitos países, são considerados os últimos da fila”.

Já em relação às principais causas das perseguições, Cristian Nani aponta: a islâmica, o nacionalismo religioso, o antagonismo étnico, a opressão tribal, o protecionismo, a opressão comunista e pós-comunista, a intolerância secular que se espalha em países tecnicamente mais livres, como os ocidentais, a paranoia ditatorial e, por fim, o crime organizado em países como Colômbia ou México.

Cristãos pedem para não serem esquecidos

Segundo o diretor da ONG, além das consequências da Covid-19, surgiram novas tendências em 2020, relacionadas com o aumento da “violenta militância islâmica na África, assim como as restrições e a vigilância das comunidades cristãs por parte dos governos mais autoritários”.

Outra tendência é o “nacionalismo baseado em uma filiação religiosa maioritária, que está a crescer em algumas nações como a Turquia ou a Índia”, afirma Cristian Nani.

O diretor da Open Doors destaca ainda o sofrimento dos cristãos de todas as confissões “que pedem para não serem esquecidos, também em termos de oração”, realçando que ao nível das relações entre países, "somos chamados a levar em conta o estado de saúde da liberdade religiosa”.

"Embora a fé seja um fator de vulnerabilidade, ela também é um elemento na resolução de conflitos devastadores ou êxodos, porque as igrejas locais e os trabalhadores cristãos podem ser um recurso fundamental para trazer esperança e estabilidade”, conclui o responsável.

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