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D. António Marto alerta para o “escandaloso” aprofundamento das desigualdades sociais

07 jan, 2021 - 09:40 • Olímpia Mairos

Bispo de Leiria-Fátima diz que a pandemia tem como “primeiras vítimas os mais frágeis, vulneráveis e pobres”, e aponta o “cuidado” ao próximo como caminho para a paz.

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No primeiro de uma série de vídeos que apresenta a exposição “Rostos de Fátima”, o bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, aborda os efeitos e as interrogações que este tempo de pandemia tem gerado na Humanidade.

“Todos nós estamos conscientes de que esta terrível pandemia teve um impacto forte em todos os setores da vida das pessoas e da humanidade e, por conseguinte, assolou também a paisagem cultural e espiritual em que vivemos”, afirma o bispo de Leiria-Fátima.

Segundo D. António Marto, “esta pandemia levou-nos a fazer a experiência profunda da vulnerabilidade, da fragilidade, da precariedade da nossa vida, da nossa saúde, dos nossos bens materiais, da nossa própria condição humana”.

“Este abalo é um abalo existencial que nos convida e provoca e leva a abrir a nossa mente, o nosso espírito, o nosso coração, para a outra dimensão da vida, a dimensão espiritual, a dimensão transcendente, uma abertura do coração e da mente ao mistério pleno e último e definitivo da vida que nós chamamos de Deus”, defende o bispo de Leiria-Fátima.

Evocando a “cultura do encontro” a que o Santo Padre faz referência na encíclica Fratelli Tutti, D. António Marto refere que esta pandemia “levou-nos a amadurecer a necessidade de uma renovada fraternidade” assente na “cultura do cuidado”, que não pode permanecer indiferente diante do seu próximo, do seu irmão”.

Na reflexão, de aproximadamente cinco minutos, onde são intercalados pormenores das peças que constroem a narrativa da nova exposição temporária do Santuário, D. António Marto alerta para “os conflitos e as guerras em várias partes do mundo”, afirmando que “as primeiras vítimas de tudo isto, mesmo desta pandemia que veio provocar um caos, em que as pessoas se sentem desorientadas, em que até escandalosamente se têm aprofundado as desigualdades sociais, são os mais frágeis, os mais vulneráveis, os mais pobres”.

O Bispo de Leiria-Fátima não esquece também os “milhões de crianças dizimadas pela fome, pela guerra; crianças, homens e mulheres que fogem da miséria em que vivem, à procura de melhores condições de vida”; os “sem-abrigo, aqueles que vivem sós, isolados, votados à solidão”, considerando que a “cultura do cuidado é chamada a construir uma paz, não apenas a paz como ausência da guerra dos armamentos, mas uma paz verdadeira que cria a harmonia”.

“A paz consigo mesmo, com os outros, com Deus e com a Criação”, explica.

A reflexão de D. António Marto é a primeira de uma nova série de reflexões que, mensalmente, vai ler e mostrar a exposição temporária do Santuário de Fátima: “Rostos de Fátima: fisionomias de uma paisagem espiritual”, a partir da reflexão de convidados sobre cada um dos núcleos da nova mostra.

A exposição “Rostos de Fátima” apresenta a história de Fátima a partir dos nomes que a fizeram, numa narrativa que reflete sobre a o tema da morte e da vida como momentos luminosos da peregrinação do Homem.

A mostra estará patente até 15 de outubro de 2022, no Convivium de Santo Agostinho, piso inferior da Basílica da Santíssima Trindade, e poderá ser visitada gratuitamente, todos os dias, das 9h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00.

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  • Adélio Pequenino
    07 jan, 2021 Terras da Vernária 21:43
    O senhor Cardeal, esqueceu - de falar na origem das misérias que referiu. Elas são sementes do socialismo laico. E, assim sendo, o povo colhe os espinhos que semeia, que liberta com o voto. Boa noite.

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