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Esperança no caso de jovem cristã raptada no Paquistão e forçada a casar

21 jan, 2020 - 15:01 • Filipe d'Avillez

O Supremo Tribunal convocou a jovem Huma Younus para comparecer numa audiência no próximo dia 3 de fevereiro. É a primeira vez que isso acontece, num país onde as autoridades costumam ser coniventes com os raptores.

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O Supremo Tribunal de Karachi, no Paquistão, convocou uma jovem de 14 anos para testemunhar, no que pode marcar um ponto de viragem nos casos de rapto e conversão forçada de jovens cristãs naquele país.

Os pais de Huma Younus dizem que a sua filha de 14 anos foi sequestrada no dia 10 de outubro. Passados poucos dias receberam documentação que alegadamente comprova que a menina se tinha convertido ao Islão e estava agora casada com um muçulmano.

Desde então têm travado uma dura batalha para resgatar a sua filha, mas são muitos os obstáculos, num país em que os cristãos são uma pequena minoria, sobretudo pobre, de uma população esmagadoramente muçulmana.

Apesar de terem ido diretamente à esquadra local quando a filha desapareceu, só dois dias depois e “depois de várias pressões” é que a polícia aceitou registar a sua queixa.

A fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) entrou entretanto em ação e tem ajudado a família, que não tem recursos financeiros, pagando as despesas da advogada que está a lidar com o caso.

Passados mais de dois meses, finalmente surgiu alguma esperança com a decisão do Supremo Tribunal de Karachi de chamar Huma para testemunhar no caso. É a primeira vez que tal acontece, num país em que o rapto de meninas cristãs, que depois são forçadas a converter-se e casar com homens muçulmanos, é demasiado comum.

Tabassum Yousaf, advogada da jovem cristã, diz que “até agora, nenhuma família havia conseguido pedir justiça” neste tipo de casos. “Os cristãos são pobres e com pouca educação e não têm os meios necessários para obter assistência legal”, explica o jurista, em declarações reproduzidas pela AIS.

Perante os avanços do processo em tribunal, os sequestradores de Huma tentaram contornar a situação, levando-a a assinar uma declaração em como é maior de idade. Esse seria um dado crucial, uma vez que esvaziaria as pretensões dos seus pais de a resgatar e legitimaria a sua conversão e casamento.

Os pais de Huma, contudo, têm documentos que comprovam que ela tem apenas 14 anos.

Com esperança, mas sabendo ainda que falta muito para poderem reaver a filha, os pais gravaram uma mensagem que transmitiram ao mundo através da AIS. “Se vossa filha de 14 anos passasse por tudo isto, o que fariam? Considerem a nossa menina como se fosse vossa filha. Por favor, ajudem-nos!”

Uma primeira convocatória do tribunal, para o dia 16 de janeiro, foi ignorada pela família que raptou Huma, mas foi entretanto marcada nova data para o dia 3 de fevereiro.

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