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Papa sente que Japão procura sociedade mais humana e misericordiosa

26 nov, 2019 - 06:45 • Aura Miguel , Filipe d'Avillez

Francisco terminou a sua visita de uma semana ao oriente com a visita a uma universidade católica em Tóquio, onde disse que os estudos superiores não devem ser um privilégio de poucos.

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Estudo universitário de qualidade não deve ser "privilégio de poucos", mas servir "a justiça e o bem comum"
Estudo universitário de qualidade não deve ser "privilégio de poucos", mas servir "a justiça e o bem comum"

O Papa Francisco agradeceu esta terça-feira a hospitalidade dos japoneses que o acolheram durante os últimos quatro dias desta sua viagem ao oriente que incluiu também uma passagem pela Tailândia.

No último discurso que fez antes de regressar a Roma, Francisco salientou a ordem e a eficiência da sociedade japonesa mas disse que tinha ficado com a sensação de que essa mesma sociedade tem sede de algo mais.

“A minha estada neste país foi breve, mas intensa. Agradeço a Deus e a todo o povo japonês pela oportunidade de visitar este país, que marcou fortemente a vida de São Francisco Xavier e no qual tantos mártires deram testemunho da sua fé cristã. Embora os cristãos sejam uma minoria, sente-se a sua presença. Fui testemunha da estima geral pela Igreja Católica, e espero que este respeito mútuo possa aumentar no futuro”, disse Francisco.

“Notei também que, apesar da eficiência e da ordem que a caraterizam, a sociedade japonesa deseja e procura algo mais: um anseio profundo de criar uma sociedade cada vez mais humana, compassiva e misericordiosa”, acrescentou.

Esta terça-feira o Papa celebrou missa em privado com os jesuítas do país e depois visitou a universidade Sophia, gerida também pelos jesuítas onde, antes de discursar diante de docentes e alunos, passou algum tempo com os padres idosos e doentes que lá vivem.

O discurso do Papa centrou-se em grande parte no papel da universidade e da educação. “Numa sociedade tão competitiva e tecnologicamente orientada, esta Universidade deveria ser não só um centro de formação intelectual, mas também um local onde se pode ir modelando uma sociedade melhor e um futuro mais esperançoso”, disse.

“A Universidade Sophia sempre se distinguiu por uma identidade humanista, cristã e internacional. Desde a sua fundação, a Universidade foi enriquecida pela presença de professores provenientes de vários países, às vezes até de países em conflito entre si. Mas todos estavam unidos pelo desejo de dar o melhor aos jovens do Japão. O mesmo espírito perdura também nas inúmeras formas com que prestais ajuda àqueles que mais precisam, aqui e no estrangeiro.”

Numa sociedade moderna, concluiu o Papa, a universidade e o ensino superior não devem ser considerados um privilégio de poucos. “A Universidade, centrada na sua missão, deve estar sempre aberta à criação dum arquipélago capaz de interligar aquilo que, social e culturalmente, pode ser concebido como separado. Os marginalizados hão de ser envolvidos e introduzidos criativamente no currículo universitário, procurando criar as condições para que isto se traduza na promoção dum estilo educativo capaz de reduzir as fraturas e as distâncias.”

“O estudo universitário de qualidade, em vez de se considerar um privilégio de poucos, seja acompanhado pela consciência de se saberem servidores da justiça e do bem comum”, concluiu.

Francisco seguiu depois para o aeroporto, onde decorreu uma breve cerimónia de despedida, e depois partiu de novo para Roma, onde chegará pouco depois das 17h. O Papa cumpriu esta semana um sonho que acalentava desde a juventude, de ir ao Japão nas pegadas dos primeiros missionários. Durante a sua estadia dedicou tempo aos jovens e aos habituais encontros com os líderes da sociedade civil, mas o ponto alto da sua viagem foi sem dúvida a visita a Hiroxima e Nagasáqui, em que clamou contra o uso das armas nucleares.

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