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Papa diz que investigações judiciais provam que a regulação financeira está a funcionar no Vaticano

26 nov, 2019 - 19:45 • João Pedro Barros com Reuters

O caso dos negócios imobiliários em Londres, em que há suspeitas de corrupção, foram pela primeira vez comentados. Francisco revelou que incentivou o auditor-geral do Vaticano a apresentar queixa ao procurador de justiça.

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O Papa reconheceu esta terça-feira as suspeitas de corrupção no Vaticano, relacionadas com a compra de um imóvel em Londres, mas o facto de a situação ter sido descoberta internamente prova que os novos sistemas de controlo financeiro estão a funcionar.

Numa conferência de imprensa com os jornalistas a bordo do avião que fazia a viagem de regresso ao Vaticano, após uma visita à Tailândia e ao Japão, Francisco assegurou aos fiéis que contribuem financeiramente que tudo está a ser feito para garantir que o dinheiro é usado de forma correta.

“É a primeira vez no Vaticano que a lebre é levantada a partir de dentro, e não de fora”, disse o Papa, que assim sublinhou as diferenças face a várias situações reveladas no passado por entidades externas, nomeadamente na comunicação social.

Estes foram os primeiros comentários públicos do Papa desde que a polícia do Vaticano apreendeu, a 1 de outubro, documentos e material informático em alguns gabinetes da secretaria de Estado e da Autoridade de Informação Financeira (AIF), instituição responsável pela supervisão financeira da Santa Sé.

Após a realização das buscas, cinco funcionários do Vaticano foram suspensos, incluindo o diretor da AIF, Tommaso di Ruzza.

Como o Papa teve conhecimento das suspeitas

O Papa revelou que o auditor-geral do Vaticano o informou previamente, algures durante o ano de 2019, que suspeitava de irregularidades no negócio imobiliário em Londres.

“Perguntei-lhe se ele tinha a certeza. Ele disse que sim, mostrou-me o que estava em causa e perguntou-me o que deveria fazer. Eu disse que existe a justiça do Vaticano e que devia fazer uma denúncia junto do Procurador de Justiça. Fiquei contente, porque agora a administração do Vaticano tem recursos para esclarecer o que acontece de mau no seu seio", detalhou Francisco.

Ainda que haja “presunção de inocência”, ressalvou, o dinheiro “não foi bem administrado e há suspeitas de corrupção”.

Francisco avançou também que o interrogatório dos cinco funcionários suspensos irá começar em breve.

Papa quer consagrar proibição de uso e posse de armas nucleares no catecismo

O perigo das armas nucleares para a Humanidade foram uma das marcas da visita do Papa Francisco ao Japão.

Durante a viagem de regresso a Roma, o Santo Padre disse que pretende consagrar proibição de uso e posse de armas nucleares no catecismo.

“O uso das armas nucleares é imoral, por isso deve ser introduzido no Catecismo da Igreja Católica; e não somente o uso, mas também a posse, porque um acidente, ou a loucura de algum governante, a loucura de um só pode destruir a humanidade”, disse o Papa aos jornalistas.

Questionado por um jornalista do jornal “Le Figaro”, Francisco admitiu o recurso às armas, em legítima defesa, como “último recurso”, lamentando a ineficácia das organizações internacionais na mediação de conflitos, muitas vezes por causa de vetos no Conselho de Segurança da ONU.

“A hipótese da legítima defesa permanece sempre, mesmo na teologia moral é contemplada, mas como último recurso. Último recurso às armas. A legítima defesa deve ser feita com a diplomacia, com as mediações”, insistiu.

[notícia atualizada às 22h27]

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