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Papa "honrado" com críticas americanas. Francisco disse ou “quis dizer”?

04 set, 2019 - 18:36 • Aura Miguel, enviada especial a Moçambique

Francisco falava aos jornalistas a bordo do avião a caminho de Moçambique.

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Papa conversou com jornalistas a caminho de Moçambique - Reportagem de Aura Miguel
Ouça a reportagem da vaticanista Aura Miguel

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A bordo do avião, como sempre acontece no início de cada viagem, Francisco dedica uma boa parte do seu tempo a saudar pessoalmente os jornalistas que o acompanham.

Desta vez, falei-lhe da nomeação do novo cardeal D. Tolentino Mendonça e de como, a partir de agora, Portugal passa a ter cinco cardeais. O Papa sorriu e acrescentou: “são cinco e, ainda por cima, um deles é Patriarca!”

Mas o grande momento do voo surgiu um pouco depois, quando o vaticanista francês do “La Croix”, Nicolas Senèze, lhe ofereceu o seu mais recente livro intitulado “Como os americanos querem mudar de Papa” (Ed. Bayard Set. 2019).

Francisco mostrou entusiasmo e disse-lhe, com o livro na mão: “para mim, é uma honra ser atacado pelos americanos”. Depois, entregou o livro a um assistente e comentou: “É uma bomba!”

Dos 67 jornalistas a bordo, 20 trabalham para os media norte-americanos. Entre os vaticanistas, contam-se repórteres e operadores de câmara da CNN, da NBC e CBS; há fotógrafos e jornalistas da Reuters, da Associated Press, da CNS, do “New York Times”, da Rádio Nacional Americana e muitos outros que, estupefactos, tomaram nota das palavras do Papa.

A confusão foi geral, com todos a pedir detalhes, quer do Papa, quer do livro que, segundo o autor, recolhe “tudo o que se tem dito e feito nos EUA, desde o ano passado, após a divulgação do relatório do ex-núncio Carlo Maria Viganò”.

Com efeito, o livro aborda a questão dos abusos sexuais e a cumplicidade de vários bispos, com acusações de conservadores católicos a cardeais, à própria Cúria romana e até ao Papa e recorda as reações aos temas mais polémicos deste pontificado sobre o divórcio, a homossexualidade, o capitalismo, a pena de morte, sobre a China, a política mundial e as estratégias dos conservadores americanos para o próximo conclave.

Meia hora depois de instalada a confusão, o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, surge com uma declaração escrita: “Num contexto informal, o Papa quis dizer que considera as críticas sempre uma honra, sobretudo quando provêm de pensadores com autoridade e de uma nação importante, como é o caso”.

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