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Papa pede “alegria do perdão” para ultrapassar feridas entre católicos e ortodoxos

05 mai, 2019 - 10:39 • Aura Miguel , Filipe d'Avillez

A unidade que se deseja pode-se edificar com base no ecumenismo de sangue, de caridade e de missão, disse Francisco.

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O Papa Francisco apelou ao patriarca da Igreja Ortodoxa da Bulgária que católicos e ortodoxos descubram juntos a “alegria do perdão” para poder ultrapassar as feridas abertas ao longo dos séculos entre as diferentes confissões cristãs.

Num encontro com o Patriarca Neófito, da Bulgária, Francisco começou por reconhecer que ainda existem divisões “dolorosas”, mas que é mergulhando nelas que se poderá encontrar a unidade.

“As feridas que se abriram entre nós, cristãos, ao longo da história são dolorosos golpes infligidos no Corpo de Cristo que é a Igreja. Ainda hoje, tocamos com a mão as suas consequências.”

“Mas, se metermos juntos a mão nestas feridas, confessarmos que Jesus ressuscitou e O proclamarmos nosso Senhor e nosso Deus, se, no reconhecimento das nossas faltas, nos deixarmos imergir nas suas feridas de amor, talvez possamos reencontrar a alegria do perdão e antegozar o dia em que poderemos, com a ajuda de Deus, celebrar o mistério pascal no mesmo altar”, disse.

Como já fez em diversas outras ocasiões, o Papa voltou a usar o termo “ecumenismo de sangue”, para se referir ao sofrimento e à perseguição aos cristãos, que raramente distingue entre diferentes confissões e que por isso pode servir de ponto comum para edificar a unidade.

Ecumenismo de sangue, de caridade e de missão

“Quantos cristãos, neste país, sofreram tribulações pelo nome de Jesus, especialmente durante a perseguição do século passado! O ecumenismo do sangue! Eles espargiram um suave perfume na ‘Terra das Rosas’. Passaram através dos espinhos da provação para difundir a fragrância do Evangelho. Desabrocharam num terreno fértil e bem trabalhado, num povo rico de fé e humanidade genuína, que lhes deu raízes robustas e profundas”, disse o Papa, referindo-se de forma particular às duras perseguições de que foi alvo a Igreja Ortodoxa da Bulgária durante o regime comunista.

Contudo, Francisco deixou claro que esses tempos difíceis, que poderão ter passado na Bulgária, são ainda o dia-a-dia de muitas outras comunidades cristãs no mundo. “Enquanto muitos outros irmãos e irmãs espalhados pelo mundo continuam a sofrer por causa da fé, pedem-nos para não ficar fechados, mas abrir-nos, pois só assim é que as sementes dão fruto.”

Ao ecumenismo do sangue juntam-se ainda, segundo o Papa, o ecumenismo da caridade, na atenção aos pobres e marginalizados, e o ecumenismo da missão, exemplificado no trabalho dos santos Cirilo e Metódio, que evangelizaram a Bulgária e são padroeiros da Europa.

“Daqui a pouco, terei a possibilidade de entrar na Catedral Patriarcal de Santo Aleksander Nevskij para uma oração em memória dos Santos Cirilo e Metódio. Santo Aleksander Nevskij, da tradição russa, e os Santos irmãos, vindos da tradição grega e apóstolos dos povos eslavos, revelam como a Bulgária é um país-ponte”, concluiu o Papa Francisco.

A visita do Papa prossegue este domingo com a oração do Regina Coeli e, já depois do almoço, a celebração da missa com a pequena comunidade católica da Bulgária.

Francisco permanece no país até terça-feira, altura em que parte para a Macedónia, onde permanecerá apenas algumas horas antes de regressar a Roma.

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