02 abr, 2019 - 10:52 • Filipe d'Avillez
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Doze é um número cheio de significado na Bíblia. Para além das 12 tribos de Israel, Jesus escolheu 12 apóstolos e simbolicamente o número representa a universalidade.
Na exortação apostólica "Cristo Vive", lançada esta terça-feira, o Papa refere 12 jovens santos que podem servir de exemplo a seguir pelos mais novos no mundo atual.
“O bálsamo da santidade gerada pela vida boa de tantos jovens pode curar as feridas da Igreja e do mundo, devolvendo-nos àquela plenitude do amor à qual desde sempre fomos chamados: os jovens santos animam-nos a voltar ao nosso primeiro amor”, escreve Francisco.
Oriundos de diversos países, e atravessando os séculos, tiveram estilos e destinos muito diferentes. Conheça-os aqui.
São Sebastião
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, devido à iconografia tradicional, São Sebastião não morreu depois de ter sido alvejado por flechas. O jovem oficial romano, que “falava de Cristo por toda a parte”, desobedeceu a ordens para deixar de evangelizar e foi de facto condenado à morte sob “uma chuva de flechas”. Mas para surpresa das autoridades sobreviveu e continuou a pregar a Boa Nova, até que foi novamente capturado e açoitado até à morte.
São Francisco de Assis
O santo a quem o Papa foi buscar o nome é o segundo exemplo apresentado aos jovens. “Sendo muito jovem e cheio de sonhos, escutou o chamamento de Jesus para ser pobre como Ele e para restaurar a Igreja com o seu testemunho. Renunciou a tudo com alegria e é o santo da fraternidade universal, o irmão de todos, que louvava o Senhor pelas suas criaturas”, escreve Francisco.
Santa Joana d’Arc
Heroína para uns, bruxa para outros, acabou morta numa fogueira depois de ter sido capturada pelos seus inimigos ingleses. Atualmente, porém, os católicos de todas as nacionalidades estão de acordo sobre a santidade desta “jovem camponesa que, apesar da sua pouca idade, lutou para defender a França dos invasores” e que era “incompreendida pelo seu aspeto e pela sua forma de viver a fé”.
Beato Andrés Phû Yên
Catequista e ajudante dos missionários cristãos no Vietname, “foi feito prisioneiro pela sua fé e, pelo facto de não ter querido renunciar a ela, foi assassinado. Morreu a dizer: Jesus”, no século XVII.
Santa Catarina Tekakwitha
A primeira santa indígena da América do Norte teve de fugir mais de 300 quilómetros através de “densas florestas”. Chegada a um local seguro, consagrou-se a Deus e morreu a dizer “Jesus amo-te”.
São Domingos Sávio
Doente desde muito novo, procurou sempre viver o seu sofrimento em comunhão com Cristo e Maria. “Quando São João Bosco lhe ensinou que a santidade implicava estar sempre alegres, abriu o seu coração a uma alegria contagiosa. Procurava estar perto dos seus companheiros mais desprezados e doentes. Morreu em 1857, aos catorze anos de idade, enquanto dizia: ‘Que maravilha estou a ver!’”, escreve o Papa Francisco.
Santa Teresa do Menino Jesus
Movida por uma intensa paixão por Jesus, obteve autorização para entrara para o convento com apenas 15 anos. “Viveu o pequeno caminho da confiança total no amor do Senhor e propôs-se alimentar com a sua oração o fogo de amor que move a Igreja” e é hoje uma das santas por quem os católicos têm maior devoção.
Beato Zeferino Namuncurá
Conterrâneo do próprio Papa Francisco, este jovem argentino era filho de um líder das comunidades indígenas e chegou a ser seminarista, “cheio de desejos de regressar à sua tribo para lhe levar Jesus Cristo”. Não lhe foi dada essa oportunidade, porém, uma vez que morreu em 1905, com apenas 19 anos.
Beato Isidoro Bakanja
Este leigo, natural do Congo, foi submetido a longas torturas por ter dado testemunho da sua fé e de ter tentado converter outros jovens. Foi executado em 1909, mas não sem antes dar um exemplo vivo do Evangelho, perdoando o seu verdugo.
Beato Pier Giorgio Frassati
Italiano, morreu muito novo, mas já tinha fama de santidade. São João Paulo II recordou-o certa vez, quando falava aos jovens, dizendo que “era um jovem de uma alegria contagiosa, uma alegria que também superava inúmeras dificuldades da sua vida”. Segundo o Papa Francisco, “Dizia que tentava retribuir o amor de Jesus que recebia na comunhão, visitando e ajudando os pobres”.
Marcel Callo
Foi vítima do terror nazi, tendo morrido num campo de concentração em 1945. No campo, na Áustria, “onde reconfortava, na fé, os seus companheiros de cativeiro, no meio de duros trabalhos.”
Beata Chiara Badano
A última da lista do Papa Francisco é também a que morreu há menos tempo, apenas em 1990. Diagnosticada com cancro, recusou a administração de morfina durante a fase de tratamentos, para que pudesse estar bem desperta e oferecer a Deus todo o sofrimento. A dada altura, durante um tratamento particularmente doloroso, disse que foi visitada por “uma senhora com um sorriso luminoso” que a encheu de coragem, mas que desapareceu pouco depois. Morreu com apenas 16 anos e foi beatificada em 2010.
Para além destes 12 exemplos de santidade, o Papa não deixa de referir também Nossa Senhora, e ainda várias figuras do Antigo Testamento, incluindo o profeta Samuel, os reis David e Salomão e a jovem Rute.
Mas Francisco adverte os seus leitores para o facto de os santos serem fonte de inspiração, e não necessariamente de imitação simples. “Recordo-te, porém, que não serás santo nem completo copiando outros. Nem sequer imitar os santos significa copiar a sua maneira de ser e de viver a santidade”, diz, acrescentando, “tu tens de descobrir quem és e de desenvolver a tua forma própria de ser santo, para lá daquilo que disserem e opinarem os demais. Chegar a ser santo é chegar a ser mais plenamente tu próprio, a ser esse que Deus quis sonhar e criar, não uma fotocópia. A tua vida deve ser um estímulo profético, que impulsione outros, que deixe uma marca neste mundo, essa marca única que só tu poderás deixar.”
A exortação apostólica “Cristo Vive” resulta da reflexão do Papa Francisco sobre os trabalhos do sínodo sobre os jovens, que decorreu no Vaticano em 2018. Composto por nove capítulos, inclui passagens sobre o que o Papa espera dos jovens e o que os jovens devem esperar da Igreja, para além de uma longa reflexão sobre a pastoral juvenil.
Com data oficial de 25 de março, o texto final do documento apenas foi divulgado esta terça-feira, dia 2 de abril.
[Texto corrigido no dia 3/4/2019. Chiara Badano foi beatificada, e não canonizada, em 2010]