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Encobrimento prejudicou mais a credibilidade dos bispos do que abusos, diz o Papa

03 jan, 2019 - 16:22 • Filipe d'Avillez

Numa carta escrita aos bispos norte-americanos, que estão em retiro a pedido do Papa, Francisco admite que gostaria de estar com eles, mas que tal não foi possível por razões logísticas.

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O Papa Francisco disse, esta quinta-feira, que o encobrimento de casos de abuso sexual por parte de membros da Igreja prejudicou mais a credibilidade dos bispos do que os próprios abusos.

Os bispos americanos divulgaram esta quinta-feira uma carta que lhes foi enviada pelo Papa, numa altura em que grande parte do episcopado se encontra reunido em retiro, por ordem do próprio Francisco, na sequência da grave crise que aquela Igreja enfrenta nos Estados Unidos.

Uma nova onda de revelações de abusos, e do seu encobrimento por parte da hierarquia, lançou a Igreja americana numa profunda crise de credibilidade não só junto da opinião pública em geral, mas especificamente entre a comunidade católica.

O auge da crise foi a revelação de que o agora ex-cardeal Theodore McCarrick, que chegou a ser um dos bispos mais influentes dos Estados Unidos, tinha abusado de dois menores e que era sabido, pelo menos por parte de alguns bispos, que mantinha uma rede de jovens padres e seminaristas com quem tinha relações homossexuais. Duas das dioceses em que tinha servido já tinham pago indemnizações a homens que alegavam terem sido abusados por ele, mas os termos do acordo obrigavam-nos ao silêncio.

Na carta que escreve aos bispos, o Papa fala mesmo da “crise de credibilidade que estão a experienciar enquanto Igreja” e reconhece que “dada a gravidade da situação, nenhuma resposta parece ser adequada”.

“A credibilidade da Igreja tem sido seriamente minada e diminuída por estes pecados e crimes, mas mais ainda pelos esforços feitos para os negar ou esconder”, escreve Francisco.

“Isto conduziu a um crescente sentimento de insegurança, desconfiança e vulnerabilidade entre os fiéis. Como sabemos, a mentalidade que prefere encobrir as coisas, longe de ajudar a resolver os conflitos, permite que eles piorem e causa ainda mais danos à rede de relações a que hoje somos chamados a sarar e restaurar”, diz.

Bispos divididos

O Papa coloca o dedo na ferida, ao referir também a desunião que existe entre os próprios bispos americanos. “A dor causada por estes pecados e crimes também afetou a comunhão dos bispos, e gerou não o tipo de desacordo e tensões saudáveis e necessárias que se encontram em qualquer organismo vivo, mas antes divisão e dispersão. Estes não são certamente os frutos do Espírito Santo, mas antes do ‘inimigo da natureza humana’”, escreve o Papa, lamentando ainda que crises como esta possam servir aos inimigos do Cristianismo. “Sempre que o Evangelho se revela inconveniente ou perturbador, erguem-se muitas vozes numa tentativa de silenciar a sua mensagem, apontando para os pecados e inconsistências dos membros da igreja e, sobretudo, os seus pastores”.

Enquanto meditam sobre este assunto no seu retiro, o Papa desafia os bispos a pensar em novas abordagens ao seu serviço episcopal. “Isto requer não só uma nova abordagem à gestão, mas também uma mudança no nosso estado mental, a nossa forma de rezar e de lidar com poder e dinheiro, o nosso exercício de autoridade e a forma como nos relacionamos uns com os outros e com o mundo ao nosso redor.”

“O povo de Deus e a missão da Igreja continuam a sofrer muito em resultado dos abusos de poder e de consciência e os abusos sexuais e a forma pobre como foram tratados, bem como a dor de ver um episcopado desunido e concentrado mais em apontar o dedo do que em procurar caminhos de reconciliação”, afirma Francisco.

Papa quis estar presente

A carta contém ainda um dado surpreendente. Francisco admite que o seu plano inicial, quando pediu aos bispos que se reunissem em retiro, era estar presente em pessoa, mas que isso não foi possível.

Diz Francisco que “Apesar dos meus maiores esforços, por razões logísticas não poderei estar fisicamente presente convosco. Esta carta tem por objetivo, de certa forma, compensar essa viagem que não pude empreender”.

O Papa agradece, contudo, o facto de os bispos terem aceite que seja o seu pregador pessoal, o padre Cantalamessa, a orientar o retiro.

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  • JOAQUIM S.F. SANTOS
    03 jan, 2019 TOJAL 21:33
    Portugal é meia Luz para o mundo, a mensagem de Fátima é uma meia Luz, a outra meia Luz foi apagada pela hierarquia da Igreja que na década de 50, quando a Mãe do Filho de Deus foi mandada pelo nosso Deus, e Seu Deus à aldeia de Asseiceira Rio Maior Portugal propor a observância dos Mandamentos da Lei de Deus. Com medo de ofuscar Fátima, Igreja e Governo uniram-se para desbaratar o exército divino de milhares de fieis que acreditavam na mensagem da virgem Maria, e na sinceridade do menino Carlos Alberto Delgado. Aos residentes daquela aldeia foram excomungados e alcunhados de “morcegos”. No mundo, doutores da Igreja, uns legítimos, outros infiltrados, adulteraram a doutrina. Ridicularizados os os mandamentos e a sua observância foi desprezada, os vícios entranharam-se no próprio cerne da Igreja. Em 20 de dezembro de 2017, a virgem chama um estrangeiro para vir á Asseiceira, afim de impulsionar de novo a sua mensagem e lhes comunica: Amado filho, rezai por este local. Foi neste local que num domingo de Maio de 1954, desci do Céu para estar mais perto desses pequenos filhos que suplicaram a Deus para que, Eu, sua serva, os viesse visitar. Amado filho, neste local deixei-Me ver pelo pequeno Carlos, criança simples e corajosa. Esta criança dera já no início, o seu sim ao meu apelo. Aqui convidei os meus filhos a viver os mandamentos da Lei de Deus. Aqui mais uma vez, exorto-vos, uni-vos em oração, para que esta suba ao Pai. Amados filhos, convertei-vos enquanto há tempo. ......

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