11 set, 2018 - 23:43
Uma escolha que não foi difícil e que responde ao grito do Papa Francisco sobre a situação dos refugiados e migrantes. É desta forma que o júri se refere às duas instituições que esta terça-feira receberam, no Porto, o Prémio D. António Francisco dos Santos.
No dia em que se assinala a passagem de um ano sobre a morte do antigo bispo do Porto, o galardão foi atribuído ao Centro S. Cirilo e ao Centro de Acolhimento Santo António do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), cuja assistência é da responsabilidade do Serviço Jesuíta aos Refugiados.
O bispo do Porto, D. Manuel Linda, diz que são duas instituições que “honram a memória” e o legado de D. António.
O prémio tem um valor de 75 mil euros e é uma iniciativa solidária da Associação Comercial do Porto, da Irmandade dos Clérigos e da Santa Casa da Misericórdia do Porto.
Nas palavras do presidente da Irmandade dos Clérigos, padre Américo Aguiar, é uma resposta ao grito do Papa Francisco sobre a situação dos refugiados e migrantes.
O padre Américo Aguiar destaca a importância do trabalho feito pelas duas instituições, que já estavam no terreno ainda antes deste problema saltar para as capas dos jornais.
“Às vezes, julgamos que os problemas e as necessidades existem em África, na Ásia, mas eles existem aqui, na nossa rua e descobrimos mais profundamente, com muita alegria, o trabalho que é feito sob a tutela dos Jesuítas no nosso país e, de um modo especial, na cidade do Porto. O problema dos migrantes e dos refugiados ainda não era mediático e já estes homens e mulheres estavam no terreno.”
Na cerimónia de atribuição do prémio, o presidente da Irmandade dos Clérigos lembrou as palavras do Papa Francisco sobre os refugiados.
No momento em que recebeu o prémio de 75 mil euros, André Costa Jorge, diretor do Serviço Jesuíta aos Refugiados, lembrou a urgência das palavras do antigo bispo do Porto, D. António Francisco dos Santos.
“Vivemos num mundo em que as vozes de hostilidade aos migrantes e aos refugiados são cada vez mais audíveis e os muros que nos separam cada vez se multiplicam mais. Vozes inconformadas como a de D. António Francisco dos Santos são, cada vez mais, urgentes e necessárias. É dele a frase que escolhemos no ano passado como mote do nosso plano para os próximos anos: ‘sejamos ousados, criativos e decididos, sobretudo, onde estiverem os mais frágeis, os pobres e os que sofrem. Os pobres não podem esperar”, sublinhou André Costa Jorge.
Já o outro premiado, o padre Luís Ferreira do Amaral, presidente do Centro São Cirilo, lembrou a importância de promover os valores que estão na base do galardão: a defesa da promoção do ser humano, o diálogo inter-religioso e a promoção da paz.
À margem da cerimónia, em declarações aos jornalistas, o provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, António Tavares, sublinhou a mensagem de paz que o prémio encerra.
“O Porto sempre foi uma cidade que teve muitas pessoas de outras origens e de outros locais. O Porto, quando recebe pessoas vindas de fora, não lhes chama refugiados, chama-lhes amigos e é isso que nós tentamos aqui fazer. Integrar as pessoas. O nosso ADN ajuda a isto”, refere António Tavares.
O presidente da Associação Comercial do Porto, Nuno Botelho, destacou a capacidade de resposta do Porto aos problemas dos mais necessitados, nomeadamente durante a crise dos últimos anos.