07 ago, 2018 - 13:57
O Papa Francisco escreveu uma carta aos bispos do Chile, elogiando as medidas adotadas pela Conferência Episcopal para fazer frente ao escândalo de abusos sexuais que tem abalado a Igreja daquele país.
No final da recente assembleia dos bispos chilenos foi apresentado um documento chamado “Declarações, Decisões e Compromissos da Conferência Episcopal do Chile” em que a Igreja começa por reconhecer que falhou.
“Humildemente reconhecemos que falhámos no nosso dever de pastores ao não estucar, acreditar, atender ou acompanhar as vítimas de graves pecados e injustiças cometidas por sacerdotes e religiosos. Às vezes não reagimos a tempo diante dos dolorosos abusos sexuais, de poder e de autoridade e, por isso, pedimos perdão em primeiro lugar às vítimas e sobreviventes.”
Entre as decisões adotadas inclui-se a manifestação da obrigatoriedade de colaboração com o Ministério Público, bem como a revelação pública de toda a investigação prévia sobre presumíveis abusos sexuais de menores de idade, realizadas nas jurisdições das dioceses.
Dá-se a conhecer ainda a nomeação de duas leigas para presidir ao “Conselho Nacional de Prevenção de Abusos e Acompanhamento de Vítimas” e ao “Departamento de Prevenção de Abusos”.
Por fim, os bispos anunciam um site onde serão publicados os nomes de todos os clérigos com sentenças definitivas, civis e canónicas, por abuso de menores de idade.
Esta terça-feira a Igreja chilena publicou uma carta que recebeu do Papa Francisco, manuscrita, em que este agradece as medidas dos bispos.
“As decisões são realistas e concretas. Estou seguro de que ajudarão decisivamente em todo este processo. Mas o que mais me tocou foi o exemplo de comunidade episcopal unida no pastoreio do santo povo fiel de Deus. Obrigado por este exemplo edificante, porque ‘edifica’ a Igreja”, escreve o Papa.
O escândalo de abusos sexuais praticados por membros da Igreja no Chile remonta há vários anos, mas atingiu o seu ápice durante a visita do Papa àquele país. No centro está o bispo Juan Barros, que era acusado de ter contribuído para encobrir abusos cometidos por um padre carismático. Barros sempre negou ter conhecimento dos abusos e o Papa defendeu-o publicamente quando esteve no Chile. Mais tarde, porém, Francisco terá recebido mais informação, que o levou a enviar um bispo para o Chile para levar a cabo uma investigação profunda.
Já na posse de mais informação, Francisco pediu perdão às vítimas chilenas e chamou todo o episcopado a Roma para uma reunião. No final desta os bispos chilenos apresentaram todos a sua resignação. Embora algumas tenham sido aceites, incluindo de Barros, a maioria permanece no seu posto.