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“A fé é um espaço relacional de aventura e de risco”, diz D. José Tolentino Mendonça

17 jul, 2018 - 14:12 • Ecclesia

O futuro arcebispo está no Encontro Internacional das Equipas de Nossa Senhora, onde profere uma reflexão todas as manhãs.

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D. José Tolentino Mendonça iniciou esta terça-feira uma série de comentários diários à Parábola do Filho Pródigo, no Encontro Internacional das Equipas de Nossa Senhora (ENS), em Fátima, e disse que “amar é ter fé no outro”, no seu “destino e na sua liberdade”.

“Por maiores que sejam os receios, a relação filial não pode ser se não uma aventura de liberdade. Se por medo ou tentação de domínio acharmos que podemos ser donos do destino dos outros, equivocamo-nos terrivelmente”, disse na primeira reflexão do encontro, na Basílica da Santíssima Trindade.

D. José Tolentino explicou que “o amor não é prender” mas dotar aquele que se ama “de asas”, ou seja, da “mais alta capacidade de ser”, aceitando que viva em liberdade a sua singularidade.

Neste contexto, realçou que “não é fácil” e exige trabalho interior por que “é uma tarefa de desprendimento”, uma aprendizagem paciente da gratuidade e “daquela esperança que não quebra, não desarma nunca”.

“Desprendimento, gratuidade e esperança sabemos são sinónimos de amor”, disse o padre poeta que vai ser o próximo arquivista e bibliotecário da Santa Sé.

O futuro arcebispo português é o orador convidado do encontro internacional das ENS e todas as manhãs apresenta uma reflexão a partir dos versículos da parábola do Filho Pródigo.

“A eficácia desta história resulta do facto de ela nos ser próxima, colada ao nosso universo familiar mais comum, aos seus sucessos e fragilidades”, afirmou.

Na sua intervenção explicou que “é bom” que a Palavra de Deus não fique a ecoar num plano abstrato mas “misture de facto com a correnteza da vida” e de alguma forma todos viveram a parábola, “por isso, é tão inesquecível e desafiante”.

“Se aceitarmos que aquele pai representa o próprio Deus, que Jesus veio revelar, ainda mais aumenta o espanto. É curioso que o pai da parábola não faz perguntas, não duvida, não tenta ganhar tempo, não negoceia condições para confiar a herança”, desenvolveu.

Segundo o sacerdote, a fé “não é estádio de subjugação” mas “um espaço relacional de aventura e de risco”: “Deus dá, Deus oferece, o amor que Deus tem por nós, seus filhos, é verdadeiramente incondicional.”

“Amar é ter fé no outro, é fazer fé na pessoa do outro, no seu destino e na sua liberdade”, realçou, salientando que Deus quer as pessoas “em liberdade”, aceitando o grande desafio da liberdade que “estrutura a vida, que estrutura o amor, que estrutura a relação”.

D. José Tolentino Mendonça revelou que em 28 anos de sacerdócio, desde a primeira hora, ser assistente espiritual das equipas “tem sido alguma coisa de fundamental” e, neste contexto, considera que “devia ser obrigatório” para todos os padres “acompanhar uma equipa de casais”.

‘Reconciliação, sinal de amor’ é o tema do encontro do movimento ENS que levou ao Santuário de Fátima cerca de 8300 participantes, de 75 países, até este sábado.

As conferências têm lugar na Basílica da Santíssima Trindade e os encontros por grupos na mesma basílica, no Centro Pastoral Paulo VI, num dos parques e nos Valinhos.

As Equipas de Nossa Senhora, que estão presentes em 92 países e integram um total de 135 mil membros, foram fundadas pelo padre francês Henri Caffarel, cujo processo de beatificação está a correr em Roma, como projeto de espiritualidade conjugal para “ajudar os casais a caminhar na santidade”.

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