04 jul, 2018 - 19:54
A Igreja Católica “permanece maioritariamente no paradigma cultural anterior às redes sociais” e tem que se adaptar aos novos tempos com o envolvimento dos jovens. Esta é uma das conclusões do encontro ibérico das Comissões Episcopais das Comunicações Sociais, que decorreu na cidade da Maia.
Os bispos de Portugal e Espanha fazem três propostas para melhorar a forma como a Igreja se relaciona com o resto do mundo através da internet, “sem esquecer a centralidade da mensagem cristã”.
A primeira proposta passa por tornar essa mensagem “mais eficaz e atrativa para os jovens”, adaptada a uma nova cultura de comunicação “predominantemente visual e fragmentária”.
“Temos de passar com naturalidade do digital ao real e do real ao digital; da comunidade formada por pessoas à comunidade formada por perfis e vice-versa”, refere o comunicado com as conclusões do encontro.
A segunda proposta passa por um aprofundamento da “visão antropológica para dar respostas aos desafios colocados pelas relações que já não são só reais, mas também digitais e virtuais”.
“Urge uma antropologia que assinale o valor da dignidade da pessoa humana no mundo digital, as suas características, os seus direitos e a imagem de Deus subjacente nesses perfis”, defendem os bispos ibéricos.
A terceira e última proposta de evangelização digital propõe um ambiente de diálogo entre todos, reconhecendo que “os jovens devem ser sujeitos da comunicação, produtores de conteúdos e criadores de parábolas”.
“É o que podemos chamar de “sinodalidade quotidiana” que se consegue não só mudando as linguagens e as estratégias de comunicação, mas também multiplicando-as de acordo com os destinatários”, referem as conclusões do encontro ibérico das Comissões Episcopais das Comunicações Sociais, que foi subordinado ao tema “Os jovens e a comunicação”.
Em declarações à Renascença, D. João Lavrador, o bispo responsável pela Comissão Episcopal das Comunicações Sociais de Portugal, defende a importância de dar mais protagonismo aos jovens.
“A conclusão a que chegámos é aquilo que nos vem da interpelação que os jovens fazem à Igreja para um maior protagonismo e participação dos jovens na vida da Igreja, deixarem de ser apenas objetos e serem sujeitos. A Igreja, que tem como única missão evangelizar, tem que respeitar muito esta cultura juvenil para que, já no presente e sobretudo no futuro, possa contar com eles para a evangelização”, sublinha D. João Lavrador.