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"Sinto-me chamado a estar com as pessoas". Os desafios do novo arcebispo de Évora

26 jun, 2018 - 11:06 • Teresa Almeida

D. Francisco Senra Coelho regressa ao Alentejo. O novo arcebispo de Évora sublinha a necessidade de estar próximo das pessoas, numa diocese marcada pela desertificação.

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D. Francisco Senra Coelho é o novo bispo de Évora. A decisão do Papa Francisco foi aceite de imediato, pelo até agora bispo auxiliar de Braga.

O novo bispo da Arquidiocese de Évora deu a conhecer à Renascença a carta dirigida àquela que será a sua nova comunidade.

Quando é que soube desta notícia?

Foi numa data muito bonita, na festa das santas portuguesas Teresa, Sancha e Mafalda, que o senhor núncio apostólico me abordou, na terça-feira da passada semana, manifestando-me a vontade do Papa Francisco de que assumisse a missão apostólica como arcebispo de Évora. Nesse momento, no meu coração, acendeu-se uma luz que de facto era a vontade de Deus e nessa luz eu coloquei o meu sim.

Ficou surpreendido com essa decisão do Papa Francisco?

Sim, é um chamamento que pressupõe muita confiança e essa confiança que ele coloca em mim deixa-me surpreendido, na medida em que tenho a consciência dos desafios que a arquidiocese coloca, pela sua história, pela vastidão do seu território, pelas enormes necessidades e desafios de evangelização. Para além de uma surpresa, foi também um chamamento, que me desafia à dádiva total de mim mesmo. É na amizade do Santo Padre e na confiança em Deus e em Nossa Senhora, estrela da nova evangelização, que eu abro as mãos e me entrego. Sem saber como vai ser cada dia, vou com o Senhor e isso conforta-me, dá-me a certeza de que vou bem.

Quais são os principais desafios?

Sinto-me chamado a estar com as pessoas, no contexto muito concreto das gentes alentejanas e ribatejanas. Sabemos que é uma arquidiocese com marcas de interioridade, de alguma desertificação populacional, com um tecido social envelhecido. Porém, também, com uma cidade universitária, com pólos de desenvolvimento interessantes, abraça o alto Alentejo e o Ribatejo e com uma comunidade viva e empreendedora cheia de esperança. É esta presença próxima, esta presença de compromisso, de comungar o dia-a-dia das pessoas, com um sentido muito grande de serviço que eu levo no meu coração e sinto como apelo. Gostaria de sublinhar o desejo muito profundo de estar com cada um dos padres que servem aquela igreja com grande espírito de generosidade, numa dádiva muito fecunda. Não é uma arquidiocese com número grande de sacerdotes, mas sente essa carência. E, portanto, esta presença junto de cada padre, de cada consagrado, dos religiosos, estar próximo dos movimentos, das comunidades cristãs. É um desafio tornar presente Cristo bom pastor.

É uma comunidade que já conhece. Acha que isso vai facilitar o seu trabalho?

Espero que sim. Eu formei-me em Évora durante seis anos e lá fui presbítero 28 anos, somando 34 anos de permanência nas terras alentejanas e ribatejanas. Acredito que esse viver com a comunidade erborense durante este tempo da minha vida, me vai proporcionar um sentido de partilha a partir da experiência e do conhecimento de muitas pessoas, de muitas comunidades.

Sente que é um regresso a casa?

Diria que sou trigo do Minho, feito pão no Alentejo. Foi lá que fui ordenado padre no dia 29 de junho de 1986. Foi lá que fui formado e preparado para o ministério. Por isso, esse pão amassado com muito carinho e esmero, preparado para o ministério, pertence ao Alentejo.



Aos 57 anos, o até agora bispo auxiliar de Braga foi durante muito tempo colaborador da Renascença e da Rádio Sim.

A entrada solene na Arquidiocese de Évora está marcada para dia 2 de setembro.

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