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Desporto é “veículo extraordinário para levar os valores"

02 jun, 2018 - 16:28 • Teresa Paula Costa com Ecclesia

D. João Lavrador abriu a 14ª Jornada da pastoral da cultura, dedicada ao desporto.

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O desporto é um dos principais veículos dos valores que devem permear a sociedade. A ideia foi deixada, em Fátima, pelo presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais.

D. João Lavrador abriu a 14ª Jornada da pastoral da cultura, dedicada ao desporto, frisando a importância do documento que o Papa Francisco acaba de publicar sobre o assunto e, à margem, explicou a posição da Igreja.

Defendendo que “o desporto não está alheio a qualquer pessoa,” o bispo salientou que ele também “não é alheio à Igreja, pelo contrário, a Igreja olha para ele como um veículo extraordinário para levar os valores.”

Por outro lado, considerou D. João Lavrador, “também não somos alheios a que o desporto, muitas vezes, passa por crises muito fortes, e muitas vezes acaba por ser um veículo não de valores, mas de outras realidades que acabam por ser “contravalores” na própria sociedade.”

O estado a que chegou, em concreto o futebol, foi caracterizado pelo comentador desportivo Ribeiro Cristóvão como “degradante.” E nas vésperas de uma competição mundial, o jornalista espera que a equipa contribua para melhorar o ambiente atual.

Ribeiro Cristóvão afirmou que espera que “com a condução sábia do Fernando Santos, e com o interesse, a dedicação e o empenho dos jogadores consigamos ter uma consigamos ter uma presença honrosa.” “É isso que se deseja para ver se se desanuvia um pouco este ambiente tenso, carregado e, permitam-me a expressão, “porco” que se vive nesta altura em Portugal,” acrescentou o antigo jornalista da Renascença.

No mesmo painel, moderado pela jornalista da Renascença Maria João Costa, interveio o padre e atleta de triatlo, Ismael Teixeira, que lamentou que hoje, no mundo do desporto, a “competitividade” e a “necessidade de sucesso” tenham substituído “os valores.

O sacerdote do Patriarcado de Lisboa, conhecido por “ironpriest” (o padre de ferro), falou do desporto como um “lugar de intervenção na formação do indivíduo” e também, do ponto de vista católico, um “lugar de pastoral”. Defendeu, por isso, que está na hora da Igreja criar a pastoral do desporto. “Como há a Pastoral da Cultura também deve haver Pastoral do Desporto, em que elementos da Igreja, sejam sacerdotes ou leigos, fazem desporto e falam da importância, da alegria e dos valores que o desporto traz para as pessoas e que são uma ponte com os valores cristãos”, explicou em declarações à Renascença.

Outros dos oradores, o apresentador de televisão Jorge Gabriel, falou do seu amor pelo desporto e da sua experiência como treinador de futebol. Lembrando que existem em Portugal dois “mundos paralelos”, o desporto e o futebol, considerou que é fundamental promover uma atitude de “respeito, compromisso, valores, ética”. E lamentou o “negócio monumental” em que se transformou o futebol, que alimenta a “sede de lucro” de jornais, televisões ou rádios, ignorando modalidades que “não vendem”.

Jorge Gabriel defendeu, ainda, que é preciso acabar com a falta de formação dos dirigentes desportivos. “Em todas as áreas profissionais ligadas ao desporto nós temos de ver reconhecido o nosso desempenho, mas para dirigente vai ou quem tem dinheiro, ou quem foi indicado por um grupo dominante, e isso pode não dar a certeza que estejamos a escolher as pessoas mais indicadas para o desemprenho destas funções”, afirmou.

Na 14º Jornada da Pastoral da Cultura falou também a canoísta Beatriz Gomes, antiga atleta olímpica, que mais do que a competição disse valorizar a “capacidade de ir mais além”, pelo trabalho desenvolvido, que se sobrepõe ao próprio “talento”. “O desporto, a cultura, a educação são aliados”, acrescentou.

Também para o treinador de râguebi, Tomás Morais, o desporto “acaba por ser uma escola de valores”, porque “a prática desportiva na sua essência, seja qual fôr a modalidade, obriga a que haja uma rigidez na implementação desses mesmos valores, portanto nós só com um bom comportamento, com boas ações, é que conseguimos jogar com, jogar para e jogar contra”, afirmou.

O escritor português Gonçalo M. Tavares, que proferiu a última conferência, sublinhou a distinção entre “carne” e “corpo” na filosofia contemporânea, considerando-a é “determinante” na diferença entre “humanizar e desumanizar”.

As virtudes e os riscos do desporto foram o tema escolhido para esta jornada da pastoral da cultura que decorre hoje em Fátima.

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