18 mai, 2018 - 12:45 • Ângela Roque
Todos os 34 bispos chilenos que esta semana foram recebidos pelo Papa puseram os seus cargos à disposição.
A decisão foi divulgada esta sexta-feira, em comunicado, no Vaticano, onde os bispos ainda se encontram. Não se sabe se o Papa já terá aceitado esses pedidos, mas não está afastada a possibilidade de vir a substituir vários dos responsáveis da hierarquia católica do Chile.
Os bispos foram chamados de emergência por Francisco por causa do encobrimento que foi dado pela Igreja chilena aos abusos de crianças praticados durante décadas naquele país da América Latina. O caso ensombrou a visita que o Papa fez ao Chile, no início do ano, mas em Abril, assim que recebeu os resultados da investigação que entretanto mandou fazer, Francisco quis falar com as vítimas e com os responsáveis católicos chilenos.
Três das vítimas foram, então, recebidas, em separado, a 3 de maio, e pediram ao Papa que tomasse medidas. Esta semana, foi a vez de serem recebidos os bispos que integram a Conferência Episcopal do Chile.
“Graves erros e omissões”
No comunicado que divulgaram esta sexta-feira de manhã, os bispos chilenos pedem perdão pela dor que causaram “às vítimas, ao Papa, ao povo de Deus e ao país”, com os seus “graves erros e omissões”, e agradecem ao Papa pela sua “escuta e correção fraterna”, confirmando a decisão de renunciar.
“Queremos anunciar que todos os bispos presentes em Roma pusemos, por escrito, os nossos cargos à disposição do Santo Padre, para que livremente decida em relação a cada um de nós”, afirmam os prelados, que estão dispostos a colaborar com a “mudança profunda” que o Papa quer fazer. “Em comunhão com ele queremos restabelecer a justiça e contribuir para a reparação dos danos causados”, afirmam.
Ontem, no final do último dos quatro encontros que mantiveram, Francisco entregou uma carta aos bispos do Chile onde sublinha que os casos de pedofilia envolvendo estruturas católicas naquele país, devem levar a uma atuação firme da Igreja.
“Os acontecimentos dolorosos relacionados com abusos - de menores, de poder e de consciência”, devem levar a “mudanças e resoluções a curto, médio e longo prazo”, a fim de “restabelecer a justiça e a comunhão eclesial”, lê-se na carta divulgada pela Sala de Imprensa da Santa Sé.
O Papa afirma-se, ainda, empenhado em responder a esta problemática o quanto antes, não só pela “gravidade” das situações que se passaram, mas também “pelas trágicas consequências que tiveram”, em particular para as vítimas menores e para as suas famílias.
“Convido-vos a seguir na construção de uma Igreja profética, que sabe colocar no centro o mais importante: o serviço a Deus na pessoa de quem tem fome, de quem está preso, de quem é migrante, de quem foi vítima de abuso”, afirma ainda Francisco.
[notícia actualizada às 15h00]