17 fev, 2018 - 09:17
O cardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, diz, numa entrevista ao Expresso, publicada este sábado, que foi mal entendido em relação ao sentido que quis dar à nota pastoral sobre a exortação apostólica "Amoris Laetitia" ,na qual aconselha a abstinência sexual aos católicos recasados.
D. Manuel Clemente admite que quis fazer um "pronto a servir" e talvez tenha sido esse o perigo. Segundo o patriarca, a nota terá sido lida muito rapidamente, ter-se-á fixado numa alínea e perdeu-se no contexto.
É assim que o patriarca de Lisboa entende a polémica que se gerou e que nunca saiu da alínea em que se prevê a abstinência sexual aos católicos recasados. D. Manuel explica este ponto como uma possibilidade colocada no conjunto de outras.
Essa possibilidade está, aliás, também vertida na exortação apostólica de Joao Paulo II, que deu aos casais não casados depois de um casamento católico a possibilidade de acederem aos sacramentos se viverem em continência. D. Manuel reconhece a hipótese é, obviamente, difícil, também não é descartada pelo próprio Papa Francisco.
Na entrevista ao Expresso, D. Manuel admite ainda que houve falhas na comunicação na publicação da nota pastoral e que é preciso um pouco mais de cuidado em notas que podem vir a ser lidas por toda a gente.
O cardeal patriarca mostra também abertura para reformular o seu texto, incorporando, se for o caso, contributos de outros bispos e deixa ainda a possibilidade de vir a fazer uma nota mais longa e mais esclarecedora, usando contributos de outras dioceses, porque é assim, diz, que se trabalha no conjunto da Igreja.
D. Manuel Clemente sublinha que a abstinência sexual é uma possibilidade e não um vínculo. Há, segundo o patriarca, uma palavra-chave introduzida pelo Papa João Paulo II, em 1981, que é o “discernimento”, também agora muito usada pelo Papa Francisco. Segundo D. Manuel, “não se devem precipitar juízos que seriam completamente descabidos, mas sim discernir caso a caso”. É o que classifica de ter um “discernimento dinâmico”.