02 fev, 2018 - 17:02 • Filipe d'Avillez
O Papa Francisco decreveu esta sexta-feira a vida consagrada como um antídoto para os males do mundo moderno.
Durante uma homilia numa missa que assinalou o dia do Consagrado, Francisco sublinhou como são paradoxais os votos dos consagrados, nomeadamente pobreza castidade e obediência.
“Enquanto a vida do mundo procura acumular, a vida consagrada deixa as riquezas que passam, para abraçar Aquele que permanece. A vida do mundo corre atrás dos prazeres e ambições pessoais, a vida consagrada deixa o afeto livre de qualquer propriedade para amar plenamente a Deus e aos outros. A vida do mundo aposta em poder fazer o que se quer, a vida consagrada escolhe a obediência humilde como liberdade maior.”
“E, enquanto a vida do mundo depressa deixa vazias as mãos e o coração, a vida segundo Jesus enche de paz até ao fim, como no Evangelho, onde os anciãos chegam felizes ao ocaso da vida, com o Senhor nos seus braços e a alegria no coração”, conclui o Papa.
Antes, o Papa já tinha insistido na necessidade de os consagrados não esquecerem os seus irmãos e irmãs nem alimentarem conflitos dentro da comunidade. “Convém lembrar-nos que não se pode renovar o encontro com o Senhor sem o outro: nunca o deixes para trás, nunca faças descartes geracionais, mas diariamente caminhai lado a lado, com o Senhor no centro. Porque, se os jovens são chamados a abrir novas portas, os anciãos têm as chaves. “
“Não há futuro sem este encontro entre anciãos e jovens; não há crescimento sem raízes, e não há florescimento sem novos rebentos. Jamais profecia sem memória, jamais memória sem profecia; mas que sempre se encontrem”, pediu Francisco.
Os religiosos também deviam evitar as distrações do dia-a-dia, considera o Papa. “Que não nos aconteça olhar mais para o ecrã do telemóvel do que para os olhos do irmão, ou fixarmo-nos mais nos nossos programas do que no Senhor. Com efeito, quando se colocam no centro os projetos, as técnicas e as estruturas, a vida consagrada deixa de atrair e comunicar-se a outros; não floresce, porque esquece ‘aquilo que tem debaixo da terra’, isto é, as raízes”, disse o Papa.