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Diocese não pondera abertura de processo ao padre que assumiu paternidade

06 nov, 2017 - 16:02 • Ana Lisboa

Em comunicado, a Diocese do Funchal admite que “foi com tristeza” que recebeu as recentes notícias que envolvem o padre Giselo Andrade.

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A diocese do Funchal não está a equacionar abrir um processo canónico ao padre que recentemente assumiu ser o pai de uma criança de poucos meses.

O gabinete de comunicação da diocese refere, numa nota enviada à Renascença, estar “a acompanhar a situação no respeito pela delicadeza do caso, da dignidade das pessoas e das consequências que as mesmas têm na própria paróquia (Nossa Senhora do Monte) e nas restantes comunidades cristãs”.

O comunicado acrescenta que “a Igreja é um espaço de misericórdia e Deus perdoa tudo, mas não pode admitir uma vida dupla”.

O próprio bispo do Funchal, D. António Carrilho, diz em declarações à Agência Ecclesia que “o que a Igreja não aceita, evidentemente, é uma vida dupla”, pelo que o sacerdote envolvido nesta situação vai, “em consciência”, fazer um “discernimento” e “assumir as suas responsabilidades”. Até porque “quem assume o celibato, é evidente que o assume livremente”.

Assim, “caberá ao próprio sacerdote discernir em diálogo com o bispo se pretende continuar a exercer o ministério sacerdotal segundo as exigências e normas da Igreja ou se pretende abraçar outra vocação”, refere ainda esta nota.

O texto acrescenta que “o sacerdote deseja continuar” a exercer as suas funções e “sente que tem o apoio da comunidade paroquial do Monte, mas não deixa de ponderar colocar o seu lugar à disposição da diocese para que se procure o que for melhor para a Igreja”.

A diocese do Funchal, não vai neste momento abrir qualquer processo ao padre Giselo Andrade, mas vai simplesmente fazer “o acompanhamento pastoral e o discernimento”.

A questão de padres que têm filhos, em violação dos seus votos de celibato, não é nova, mas recentemente tem sido alvo de maior atenção por parte da hierarquia. Os bispos da Irlanda publicaram normas sobre o assunto, deixando claro que “no mínimo, os padres não devem ignorar as suas responsabilidades”.

Em Setembro foi anunciado que os conselheiros do Papa Francisco sobre o escândalo dos abusos sexuais de menores iriam também ocupar-se da questão dos filhos de sacerdotes.

Na Igreja Católica existem alguns casos de sacerdotes legitimamente casados, que têm filhos, mas a vasta maioria dos padres católicos são obrigados ao celibato.

Padre Giselo Andrade assume paternidade

Entretanto, o padre Giselo Andrade continua como pároco na Igreja de Nossa Senhora do Monte, mesmo apesar de ter assumido, na última semana, a paternidade de uma menina nascida em Agosto.

Ainda ontem, o sacerdote celebrou missa da manhã, tendo tudo decorrido com normalidade. No final da Eucaristia, o pároco, dirigindo-se aos fiéis presentes, agradeceu o apoio “neste momento difícil”.

No passado sábado foram divulgadas as nomeações pastorais para o Funchal e havia alguma expectativa sobre o destino a dar ao padre Giselo. No entanto, o decreto publicado no site oficial da Diocese omite a paróquia de Nossa Senhora do Monte, pelo que, para todos os efeitos, o sacerdote continua em funções.

Comentários
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  • ÉliodosSantos Morais
    07 nov, 2017 Vagos 17:35
    Teve dignidade ao assumir as suas responsabilidades. Embora reconheça que ao decidir ser sacerdote, sabia das regras, sou dos que aceito o casamento dos mesmos, acabando assim com "dissabores " no seio da Igreja. Por outro lado, uma vez que a Igreja forma diáconos, porquê, não aceitar sacerdotes com responsabilidades familiares.
  • Vera
    07 nov, 2017 Palmela 15:46
    Se o padre assumiu, está a cumprir! Se escondesse era um canalha, porque está em causa a vida de uma criança! Deus perdoa, aqueles que não escondem os seus erros! e se a igreja católica, aceita os homossexuais como filhos de Deus, pode muito bem, este sucedido, ter acontecido por Mensagem... Dizem que Deus escreve direito, por linhas tortas!!! se noutras religiões cristãs, usam a palavra de Jesus abertamente e são casados! e se os Madeirenses gostam da missa feita por ele... Só a Deus cabe julgar! mas, a mãe da criança deve ter qualquer coisa a explicar aos católicos...
  • João Lopes
    07 nov, 2017 Viseu 15:12
    Se um polícia rouba, ou mata, deixa de ser polícia. Se um médico atenta contra os deveres a que se comprometeu é proibido de exercer a medicina. Se um juiz rouba, é afastado da profissão. Um sacerdote se não é fiel aos compromissos que jurou viver, deve abandonar o sacerdócio e, neste caso, cuidar da mulher que desonrou e da filha que é inocente. As pessoas se não têm o sentido da responsabilidade e da honra são uns patifes...
  • Qqq
    07 nov, 2017 Lisboa 05:16
    Se tinha feito voto de celibato e o quebrou, mentiu. A sua primeira responsabilidade agora é com a criança, não com a paróquia. O que a Igreja possa eventualmente fazer com o celibato no futuro não é para aqui chamado.
  • fanã
    06 nov, 2017 aveiro 18:56
    Este Sacerdote , fez prova de coragem , honestidade e fidelidade a Igreja continuando a celebrar . Seria talvez tempo que a Igreja Católica , reconsidera-se a possibilidade de casamento dos seus Ministros . Considero que não é crime ser Homem e fiel a Deus .

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