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Ocidente “não leva a sério” a liberdade religiosa

12 out, 2017 - 19:41 • Ângela Roque

Interesses económicos são uma das razões para os vários países do Ocidente, Portugal incluído, fecharem os olhos ao que se está a passar na China. A crítica foi feita por D. Nuno Brás, bispo auxiliar de Lisboa, na apresentação do relatório da Fundação AIS sobre a perseguição aos cristãos em vários locais do mundo.

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O bispo auxiliar de Lisboa criticou a indiferença com que o Ocidente olha para a falta de liberdade religiosa no mundo. D. Nuno Brás referiu-se em concreto ao caso da China, lamentando que os interesses económicos se sobreponham ao resto. Um dos países que faz isso é Portugal. “Há grandes interesses. Muitas das nossas grandes empresas estão na mão de empresários chineses, a começar por aí e acabar no futebol, de facto nós, Portugal, temos boas relações com a China. Aliás é raro hoje um país ocidental que não tenha uma boa relação com a China. Olha-se para a China como um país de liberdades económicas. Mas não deixa de ser estranho que os nossos governos não ergam a sua voz à conta da liberdade religiosa. Significa que ainda não tomaram a sério esta realidade da liberdade religiosa ser um dos pilares fundamentais dos direitos humanos”.

A crítica foi feita durante a apresentação do relatório “Perseguidos e Esquecidos?”, da Fundação AIS, que analisou 13 países e mostra que a situação se agravou, e muito, desde Agosto de 2015 até Julho deste ano, atingindo uma dimensão e uma forma ”nunca vistas na História”.

“Mais do que estatísticas este relatório mostra pessoas concretas, e chama-nos a atenção não apenas para números, mas para rostos”, disse D. Nuno Brás, lembrando que todos devem denunciar estas situações. “É uma obrigação como cidadãos, ainda mais se formos cristãos”.

O relatório apresenta a China e a Coreia do Norte como países onde a perseguição é feita pelo próprio Estado, mas noutros locais estão a ser vítimas dos radicais islâmicos. É o caso da Síria e do Iraque, onde se corre o risco do cristianismo desaparecer, e também da Nigéria – um país onde a atitude corajosa dos cristãos contrasta com a indiferença que se vive no Ocidente, lembrou D. Nuno Brás. “Ali os cristãos vão à missa todos os Domingos sabendo que pode rebentar uma bomba, e que podem não regressar. Mas vão na mesma. E nós aqui, que temos toda a liberdade, deixamos de fazer isso. Não deixa de ser dramático e paradoxal”, afirmou.

Para o bispo auxiliar de Lisboa é importante “nós cristãos não termos vergonha de assumir a nossa fé e denunciarmos o que se passa com irmãos nossos nestes países. E não podemos deixar de os ajudar”, disse ainda, elogiando todo o esforço que a Fundação AIS está a fazer no terreno, assegurando ajuda espiritual e material às comunidades cristãs de diversos países.

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