28 set, 2017 - 09:00
A fundação Ajuda à Igreja que Sofre apresenta esta quinta-feira em Roma o projecto “Regressar às raízes”, que já é conhecido como o “Plano Marshall” para as comunidades cristãs no Iraque.
O Plano Marshall original permitiu reconstruir a Europa na sequência da Segunda Guerra Mundial, com a ajuda financeira dos Estados Unidos. Agora, o que se pretende é que as comunidades cristãs do Iraque possam permanecer no país, sendo para isso necessário reconstruir centenas de edifícios e dotar as vilas e aldeias de recursos financeiros e de saúde, entre outros.
O projecto “Regressar às Raízes” é um esforço conjunto do Comité para a Reconstrução da Planície de Nínive, que junta a fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) e representantes das diferentes igrejas cristãs presentes na região.
A Planície de Nínive situa-se no Norte do Iraque, entre o Curdistão iraquiano e Mossul. É a terra ancestral dos cristãos iraquianos, conhecidos como assírios, siríacos ou caldeus e foi quase totalmente ocupada pelo Estado Islâmico em 2014, depois deste grupo ter conseguido controlar Mossul.
Na altura dezenas de milhares de cristãos encontraram refúgio no Curdistão iraquiano, ou fora do país, com muitos a tentar abandonar definitivamente a região a favor da Europa. É precisamente para permitir que os cristãos possam regressar às suas casas e assim não se perder toda uma comunidade que existe no Iraque desde os primeiros anos do Cristianismo, que o Comité se tem esforçado por promover a reconstrução de centenas de casas.
As primeiras cem casas já foram restauradas e a alimentação de muitos dos 95 mil cristãos que continuam deslocados está a cargo do comité. Os responsáveis esperam ainda poder ajudar a garantir os direitos dos cristãos numa altura em que as terras que habitam estão no centro de uma disputa territorial entre o Iraque e o Curdistão, que acaba de votar pela independência. O conflito tem subido de tom e pode tornar-se violento, com árabes a combater curdos e os cristãos e membros de outras minorias presos no meio.
O Papa tem sido mantido a par de todo este trabalho, diz a AIS, e até já contribuiu pessoalmente para alguns dos projectos, como o estabelecimento de uma clínica em Erbil.
Em Portugal, a AIS também se tem esforçado por angariar fundos e divulgar a realidade dos cristãos no Iraque. Catarina Bettencourt Martins, presidente da organização em Portugal, está presente em Roma para a apresentação.