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Quem são os novos cardeais?

28 jun, 2017 - 15:25 • Filipe d'Avillez

O Papa Francisco criou esta quarta-feira cinco novos cardeais. Conheça os cinco homens que poderão ajudar a escolher o próximo Papa.

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Mantendo a tradição de escolher para o colégio cardinalício homens pastores que vêm das periferias, o Papa Francisco eleva esta quarta-feira cinco cardeais, alguns dos quais de regiões que nunca foram representadas nesta instituição.

Neste contexto, a principal excepção acaba por ser o arcebispo de Barcelona, Monsenhor Juan José Omella.

Com a sua elevação aos 71 anos a arquidiocese de Barcelona volta a ter um cardeal eleitor. O arcebispo emérito, cardeal Lluís Martínez Sistach, completou em Novembro passado 80 anos e deixa, por isso, de poder participar num conclave caso seja necessário eleger um novo Papa.


Dos cinco novos cardeais apenas mais um é europeu mas mesmo esse causou espanto. O próprio foi apanhado de surpresa com a sua nomeação, que lhe foi comunicada por um sacristão depois de uma missa matinal. Aos 67 anos, monsenhor Anders Arborelius é o único bispo católico da Suécia, um país onde o catolicismo é praticamente inexpressivo. O próprio bispo é um convertido e a maioria dos fiéis são imigrantes.

Os restantes três novos cardeais vêm de fora da Europa. A nomeação mais peculiar é a de Monsenhor Louis-Marie Ling Mangkhanekhou, do Laos, um país comunista no sudeste asiático com uma população católica minúscula e frequentemente perseguida que nem sequer tem dioceses propriamente ditas, mas sim vicariatos apostólicos. Oficialmente o próprio bispo é titular de Acque Nuove di Proconsolare, uma diocese inactiva que se situa na actual Tunísia.

Em todo o país existem apenas cerca de 45 mil católicos, numa população total de quase sete milhões. Monsenhor Louis-Marie tem 73 anos e vem de uma família católica que sofreu às mãos do regime comunista, tendo um primo direito que era catequista e que foi assassinado. É o primeiro cardeal da história desta nação.

Segue-se um novo cardeal da América do Sul. O El Salvador, de onde é natural monsenhor Gregorio Rosa Chávez. Também nunca houve um cardeal salvadorenho, mas essa não é a única particularidade desta nomeação. É que Chávez, que tem 74 anos, nem é o principal bispo da sua diocese, mas sim bispo auxiliar. Irá dar-se a inusitada situação de a diocese de San Salvador ter um cardeal que é subalterno de um arcebispo que não o é.

Chávez é conhecido por ter sido muito próximo do arcebispo beato Óscar Romero, martirizado em Março de 1980.

Por fim o Papa fará cardeal o monsenhor Jean Zerbo, arcebispo de Bamako, no Mali, outro país que nunca teve um cardeal. Zerbo tem 73 anos mas tem problemas de saúde que chegaram a ser apontadas como razão para o impedir de participar no consistório. Entretanto, porém, o Cardeal já chegou a Roma e por isso receberá directamente das mãos do Papa esta nova responsabilidade.

Com estas cinco nomeações o Colégio Cardinalício passa a ter 49 cardeais eleitores nomeados directamente pelo Papa Francisco, o que equivale a menos de metade do total de 121. Destes, 53 foram nomeados pelo Papa Bento XVI e 19 por João Paulo II.

Onde as nomeações do Papa Francisco têm feito mais diferença é na diversidade geográfica dos cardeais. A Europa continua a dominar, com 53 eleitores. A América do Norte tem 17, América Central 5, América do Sul 12, África 15 e Ásia também 15. A Oceânia tem apenas 4. Mas se olharmos apenas para as nomeações de Francisco, vemos que 15 cardeais eleitores são europeus, liderando, mas a vasta maioria vem de outros continentes, incluindo 8 africanos, seis norte-americanos, três da América Central, cinco da América do Sul, sete asiáticos e três da Oceânia. A diferença é notória se tivermos em conta que actualmente os europeus ainda compõem 44% dos cardeais eleitores, mas apenas cerca de 30% dos nomeados por Francisco.

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