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Francisco diz a líder copta: “os vossos sofrimentos são os nossos”

28 abr, 2017 - 17:36 • Aura Miguel , no Egipto, e Filipe d'Avillez

Encontraram-se dois Papas esta sexta-feira no Cairo. Tawadros lídera a Igreja Copta Ortodoxa e acolheu o líder da Igreja Católica. “São Pedro e São Marcos alegram-se”.

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Francisco diz a líder copta: “os vossos sofrimentos são os nossos”
Francisco diz a líder copta: “os vossos sofrimentos são os nossos”

O Papa Francisco expressou, esta sexta-feira, ao líder da Igreja Copta Ortodoxa, Papa Tawadros II, a solidariedade total dos católicos para com os cristãos egípcios martirizados e perseguidos.

Num discurso totalmente voltado para a importância das relações ecuménicas, Francisco referiu-se mais uma vez ao “ecumenismo de sangue” que une cristãos de todas as confissões.

“A maturação do nosso caminho ecuménico é sustentada, de modo misterioso e muito actual, também por um verdadeiro e próprio ecumenismo do sangue. Desde os primeiros séculos do cristianismo, nesta terra, quantos mártires viveram a fé heroicamente e até ao extremo, preferindo derramar o sangue que negar o Senhor e ceder às adulações do mal ou mesmo só à tentação de responder ao mal com o mal!”, afirmou Francisco.

“Ainda há pouco, infelizmente, o sangue inocente de fiéis indefesos foi cruelmente derramado: o seu sangue inocente nos une. Caríssimo irmão, assim como é única a Jerusalém celeste, assim também é único o nosso martirológio, e os vossos sofrimentos são também os nossos sofrimentos. Fortalecidos pelo vosso testemunho, trabalhemos por nos opor à violência, pregando e semeando o bem, fazendo crescer a concórdia e mantendo a unidade, rezando a fim de que tantos sacrifícios abram o caminho para um futuro de plena comunhão entre nós e de paz para todos.”

O Papa Francisco, enquanto bispo de Roma, é sucessor do apóstolo São Pedro enquanto o Papa Tawadros, enquanto Patriarca de Alexandria, é sucessor de São Marcos que, não tendo sido apóstolo, foi discípulo de Pedro, colaborador de São Paulo e escreveu não só um dos Evangelhos como ainda os Actos dos Apóstolos.

Esta ligação histórica entre os dois não foi ignorada pelo Papa Francisco que afirmou que “hoje certamente se alegram de modo particular com o nosso encontro São Pedro e São Marcos. Grande é o vínculo que os une. Basta pensar no facto de São Marcos ter colocado no coração do seu Evangelho a profissão de fé de Pedro: ‘Tu és o Messias’. Foi a resposta à pergunta, sempre actual, de Jesus: ‘E vós quem dizeis que Eu sou?’. Ainda hoje há muitas pessoas que não sabem responder a esta pergunta; falta até mesmo quem a suscite e sobretudo quem ofereça, em resposta, a alegria de conhecer Jesus, a mesma alegria com que temos a graça de O confessarmos juntos.”

A Igreja Copta Ortodoxa separou-se de Roma depois do Concílio de Calcedónia, cujas conclusões não aceitou, e está hoje em comunhão com as igrejas da Arménia e da Etiópia, entre outras. Esta comunhão cristã é a terceira maior do mundo, com cerca de 86 milhões de fiéis e Tawadros, enquanto sucessor de São Marcos, tem primazia de honra entre os seus líderes.

Ao longo das últimas décadas tem existido diálogo entre coptas e católicos levando à superação das diferenças teológicas que levaram à separação inicial. A comissão mista, cujo trabalho Francisco elogiou, continua a trabalhar no sentido de alcançar a comunhão total.

A Renascença acompanha toda a visita com transmissões ao vivo no site dos principais momentos públicos, comentário e reportagem em antena e análise dos principais eventos e discursos. A vaticanista Aura Miguel está também no Egipto.


A Renascença com o Papa Francisco no Egipto. Apoio: Santa Casa da Misericórdia de Lisboa

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