23 mar, 2017 - 19:53
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A Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém, que guarda o que, segundo a tradição cristã, é o túmulo de Jesus Cristo, está em sério risco de ruir, segundo os especialistas que levaram a cabo o restauro do próprio sepulcro ao longo dos últimos meses.
Segundo o site da National Geographic, que fez a cobertura fotográfica do restauro, a equipa responsável pela intervenção descobriu que o edifício está assente sobre ruínas de construções anteriores e uma pedreira de calcário entrecruzada de túneis e canais.
Segundo uma das especialistas da Universidade Técnica Nacional de Atenas, que levou a cabo o restauro, o risco é real e imediato. “Quando falhar, não será um processo lento, mas catastrófico”, diz Antonia Moropoulou, em declarações à National Geographic.
A solução é fortalecer as fundações para evitar danos futuros.
As obras de restauro foram levadas a cabo na Edícula, a estrutura dentro da Igreja do Santo Sepulcro que inclui o sepulcro propriamente dito, onde os cristãos acreditam que Jesus foi colocado depois de ter sido crucificado e onde teve lugar a ressurreição.
Fundações instáveis?
As investigações dão força à tese defendida por muitos arqueólogos de que a Igreja foi construída em cima de uma antiga pedreira que no tempo de Jesus já era usada para sepulturas de judeus ricos, diz a National Geographic. Tradicionalmente, os judeus eram sepultados em cavernas escavadas na rocha e, segundo os Evangelhos, Jesus foi colocado numa caverna que tinha sido preparada para um dos seus seguidores. Vários túmulos foram lá localizados na zona da igreja.
Mas o facto de ser uma antiga pedreira e de ter sido usada para sepulturas, acrescido à natureza porosa do calcário, leva a que as fundações da actual igreja sejam instáveis, segundo os especialistas.
A situação é agravada pelo facto de a Igreja, construída inicialmente no século IV pelo imperador Constantino, ter sido destruída e reconstruída várias vezes, pelo que a actual estrutura assenta em várias ruínas antigas que se foram tornando instáveis.
Segundo os investigadores, várias das colunas que suportam a cúpula da Igreja (cada uma pesa 22 toneladas) assentam sobre pouco mais de um metro de destroços de construções anteriores.
Uma obra mais de fundo, para reforçar as fundações da Igreja do Santo Sepulcro, obrigaria ao acordo das várias igrejas que partilham a custódia daquele espaço. O acordo que foi alcançado para se fazer o restauro da Edícula foi já um passo histórico, uma vez que as relações entre as diferentes denominações são bastante difíceis.
Os investigadores propõem um projecto de 10 meses, com um custo de seis milhões de euros, que implicaria robustecer a argamassa antiga e criar um sistema de escoamento de água para impedir infiltrações por baixo da igreja. A perspectiva de se abrir novos espaços por baixo da igreja do Santo Sepulcro entusiasma a comunidade arqueológica, pelas possibilidades de investigação que deixa em aberto.