01 mar, 2017 - 16:49
A irlandesa Marie Collins, membro da Comissão Pontifícia do Vaticano para a Protecção de Menores desde a sua fundação em 2014 e a única que foi vítima de abusos sexuais ainda nela presente, demitiu-se esta quarta-feira por causa da "falta de cooperação vergonhosa” por parte da Cúria romana, disse em comunicado.
Marie Collins comunicou a sua intenção de se demitir ao cardeal Sean O'Malley, presidente da comissão, no dia 13 de Fevereiro. A renúncia foi aceite pelo Papa Francisco e tornada efectiva esta quarta-feira.
Em conversações com o cardeal O'Malley e também na carta de demissão entregue ao Papa, Collins referiu-se expressamente à sua "frustração com a falta de cooperação por parte de outras entidades da Cúria romana".
Não obstante a sua demissão, Collins aceitou o convite do cardeal O'Malley para continuar a colaborar com a comissão. O’Malley emitiu ele próprio um comunicado, no qual garante que o assunto será tratado no plenário da comissão a ter lugar no próximo mês.
A Comissão Pontifícia para a Protecção de Menores foi constituída por mandado do Papa Francisco em Março de 2014 com o objectivo de proteger os menores e prevenir que se repitam na Igreja Católica casos de abusos por parte de sacerdotes.
A renúncia de Marie Collins, ela própria vítima de abusos na infância por parte de sacerdotes, acontece um ano depois do inglês Peter Saunders - também ele vítima de abusos e fundador da Associação Nacional de Pessoas que Sofreram Abusos na Infância (NAPAC, na sigla em inglês) - ter decidido abandonar a comissão.
A Comissão Pontifícia não esclareceu na altura as razões da demissão de Saunders, mas este tinha manifestado desconforto em relação à forma como tinham sido tratados alguns casos de pedofilia, nomeadamente as denúncias de pedofilia no seio da Igreja Católica da Austrália.