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C​atólicos e evangélicos assinam declaração comum sobre o "valor da vida"

27 jan, 2017 - 06:51 • Ângela Roque

Documento é assinado sábado no Encontro Cristão de Sintra. Iniciativa reúne os líderes de igrejas cristãs, que já trabalham em conjunto no resto do ano: dão apoio diário aos sem abrigo e preparam-se para acolher uma segunda família de refugiados.

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Líderes de várias Igrejas cristãs vão assinar este sábado, 28 de Janeiro, uma declaração comum sobre o "valor da vida" que inclui a rejeição da eutanásia. O texto da declaração, já divulgado, lembra que “a dignidade humana não se perde pela dependência de outros, pela doença ou pela improdutividade económica”, que “a morte provocada” não é resposta para os problemas, e que os cuidados paliativos são um direito que deve "chegar a todos". Mas fala também da pobreza, do acolhimento a quem foge da guerra e da perseguição, e do cuidado pelo planeta Terra.

Luis Parente Martins, um dos promotores deste encontro ecuménico, lembra que a iniciativa está relacionada com Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que decorreu entre 18 e 25 de Janeiro. “O tema da semana foi ‘Reconciliados com Cristo’, e o estar reconciliado com Cristo é estar reconciliado com a vida, por isso esta declaração tem um sentido lato, engloba toda a vida. É importante dar valor à vida não só nas questões fracturantes, em que a vida humana passa por situações mais vulneráveis, mas em todas as dimensões da vida”.

O Encontro Cristão de Sintra é organizado por uma comissão mista, em que estão presentes católicos e evangélicos, e é um encontro aberto a todos. “Como diz o Papa Francisco ‘não há nenhuma razão para não nos estimarmos, para que não nos queiramos bem'. No fundo é darmos resposta àquele convite de Jesus ‘que todos sejam um’”, refere este responsável, sublinhando, no entanto, que o diálogo ecuménico que têm feito não se fica pela reflexão. Também estão juntos em acções de solidariedade e intervenção social, como pede o Papa: “desde há dois anos que, em conjunto, prestamos assistência aos sem abrigo de Sintra, e fazemo-lo todos os dias, umas vezes com elementos da igreja católica, no dia a seguir com elementos de uma igreja evangélica”. E também têm actuado ao nível do acolhimento aos refugiados: “já acolhemos uma primeira família, e agora, no dia 1 de Fevereiro, vamos receber outra”.

Este é já o VII Encontro Cristão de Sintra e desta vez vai ter lugar no salão paroquial da igreja de S. Miguel. O interesse crescente pela iniciativa tornou as instalações da paróquia do Algueirão, onde habitualmente decorria, demasiado pequenas: “a adesão o ano passado excedeu as 500 pessoas, por isso achámos que seria mais simpático fazer o encontro noutro local”, explica Luis Parente Martins. O encontro está marcado para as 20h45 de sábado, mas a partir das 17 horas haverá uma série de actividades onde são aguardados mitos jovens. “O ano passado participaram mais de 200”, conta. A ideia é que reflictam sobre os mais variados temas: “pensar na vida humana como casa comum, e no planeta como casa comum, onde todos podem ser incluídos. Neste momento, em que temos o problema dos refugiados, é bom perceberem que, de facto, o mundo é uma casa para todos”. Vai falar-se também “das questões laborais, como nos realizamos no trabalho, rejeitar que o trabalho tenha como objectivo a ganância”, entre outros temas.

No encontro participam o bispo auxiliar de Lisboa D. Joaquim Mendes, pela igreja católica, Pina Cabral, bispo da Igreja Lusitana, e o pastor António Calaim, presidente da Aliança Evangélica Portuguesa, que vão assinar a declaração comum sobre o "valor da vida".

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  • lua
    27 jan, 2017 ovar 14:48
    Preparei-me para a minha morte e deixei claro que não desejo ser mantida viva a qualquer custo. Espero ser tratada com compaixão e que me seja permitido partir para a próxima fase da jornada da vida da forma que eu escolher. Sou um ser livre e com direito à livre escolha.

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