30 jul, 2016 - 10:55 • Aura Miguel , enviada a Cracóvia
Uma Igreja em saída, de portas abertas, com consagrados prontos a dar a vida em serviço aos outros – é esta a Igreja que o Papa Francisco pede e, mais uma vez, pediu na missa que celebrou este sábado de manhã no Santuário de São João Paulo II, em Cracóvia. E, para isso, recuperou uma das frases-chaves do Papa polaco.
“Esta chamada [o envio de Cristo ressuscitado aos Apóstolos que estavam fechados com medo em casa] é também para nós. Como não ouvir o eco do grande convite de São João Paulo II: ‘Abri as portas’? Mas, na nossa vida de sacerdotes e pessoas consagradas, pode haver muitas vezes a tentação de permanecer um pouco fechados, por medo ou comodidade, em nós mesmos e nos nossos sectores. A direcção que Jesus indica é de sentido único … de sentido único: sair de nós mesmos. É uma viagem sem bilhete de regresso”, afirmou Francisco na homilia.
“A vida dos seus discípulos mais íntimos, como nós somos chamados a ser, é feita de amor concreto, isto é, de serviço e disponibilidade; é uma vida onde não existem espaços fechados e propriedades privadas para própria comodidade. Quem escolheu configurar toda a sua existência com Jesus já não escolhe os próprios locais, mas vai para onde é enviado; pronto a responder a quem o chama”, continuou Francisco, perante centenas de bispos, padres, freiras e outros consagrados, a quem pediu que não se acomodem, nem se contentem com uma vida medíocre.
Depois, pegando na figura de Tomé, que toca nas feridas de Jesus, o Papa disse: “Para nós, discípulos, é muito importante pôr a nossa humanidade em contacto com a carne do Senhor, isto é, levar a Ele, com confiança e total sinceridade, tudo o que somos. Jesus, como disse a Santa Faustina, fica contente que Lhe falemos de tudo, não Se cansa das nossas vidas que já conhece, espera a nossa partilha, até mesmo a descrição das nossas jornadas. Assim, buscamos a Deus com uma oração que seja transparente e não esqueça de Lhe confiar e entregar as misérias, as fadigas e as resistências. O coração de Jesus deixa-Se conquistar pela abertura sincera, por corações que sabem reconhecer e chorar as suas fraquezas, confiantes de que precisamente nelas agirá a misericórdia divina.”
O Papa desafiou também os consagrados a completarem o Evangelho com a sua própria vida. “ Poder-se-ia dizer que o Evangelho, livro vivo da misericórdia de Deus que devemos ler e reler continuamente, ainda tem páginas em branco no final: permanece um livro aberto, que somos chamados a escrever com o mesmo estilo, isto é, cumprindo obras de misericórdia. Pergunto-vos: Como são as páginas do livro de cada um de vós? Estão escritas todos os dias? Estão escritas a meias? Estão em branco?”, perguntou Francisco, acrescentando que, cada um já guarda no seu coração “uma página muito pessoal do livro da misericórdia de Deus”, que é a história do seu chamamento que deve, continuamente, reavivar.
A Renascença com o Papa
Francisco na Polónia. Apoio: Santa Casa da Misericórdia de Lisboa