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“Reconhecimento do genocídio gerou simpatia pelo Papa na Arménia”

24 jun, 2016 - 12:51 • Aura Miguel

O bisneto de Calouste Gulbenkian explica à Renascença a importância da visita do Papa à terra dos seus antepassados arménios e manifesta a esperança de que a Turquia venha a reconhecer que cometeu um genocídio contra este povo.

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O administrador executivo da Fundação Gulbenkian nasceu fora da Arménia, mas a sua vida é inseparável da terra dos antepassados.

Em entrevista à Renascença, Martin Essayan, bisneto de Calouste Gulbenkian, olha com expectativa para a visita do Papa Francisco à Arménia. Garante que Francisco é muito estimado pelo povo arménio e espera que a Turquia venha a reconhecer os seus actos do passado, referindo-se ao massacre de milhões de arménios na segunda década do século XX. A Turquia nega que se tenha tratado de um genocídio e disputa os números reconhecidos por cada vez mais países da comunidade internacional.

Qual é a importância da visita do Papa à Arménia?

Esta viagem é muito importante. Primeiro, pelo reconhecimento da importância dos católicos arménios que, apesar de serem poucos – menos de 1%, uma vez que a maioria dos cristãos pertence à Igreja Apostólica Arménia – são uma parte muito importante da comunidade arménia e, historicamente, tiveram um papel notável na promoção da cultura arménia.

Em segundo lugar, porque a visita acontece depois de o Papa ter corajosamente reconhecido o genocídio arménio, o ano passado, durante o centenário. Tudo isso teve um enorme impacto junto dos arménios e gerou muita gratidão e respeito para com ele. Por isso, esta visita será um grande acontecimento.

Como vê as reacções internacionais em torno deste massacre?

Nos últimos 50 anos tem vindo a crescer e cada vez mais povos o reconhecem, mas é um lento processo. Penso que o havemos de conseguir.

Porque é que os arménios foram um problema para a Turquia?

Isso envolve muita História, é uma questão bastante complexa…

É que a Turquia continua hoje a negar os acontecimentos, até do ponto de vista diplomático…

É um ponto muito sensível, por muitas e variadas razões. Penso que nenhuma nação gosta de assumir actos que não deveria ter cometido. Por isso, é muito difícil para a Turquia reconhecer o que fez e devemos respeitar isso, mas um dia terão de o fazer… Esperemos por esse momento.

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