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Arcebispo de Évora diz que o Alentejo caminha para “deserto social”

04 mai, 2016 - 16:51 • Rosário Silva

D. José Alves fez 75 anos. Já pediu renúncia ao Papa por limite de idade e aguarda “tranquilo” o desenrolar do processo.

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“Estou tranquilo da vida”. É assim que D. José Alves diz estar ao confirmar à Renascença o pedido de renúncia já efectuado ao Papa pelo facto de ter atingido os 75 anos de idade.

“É um processo natural e óbvio” explica o arcebispo de Évora, pois “o que está previsto é que chegando a esta idade, o bispo recorde ao Papa a sua idade, dizendo que está à sua disposição”.

O prelado, que completou 75 anos no passado dia 20 de Abril, falava no decorrer de um encontro com os jornalistas no âmbito do 50º Dia Mundial das Comunicações Sociais que se vai celebrar no próximo domingo, dia 8 de Maio.

Questionado pela Renascença se vai ter uma palavra a dizer sobre o perfil do seu sucessor, D. José responde: “Não sei se serei consultado, mas o processo que é complexo envolve a consulta de muitas pessoas nomeadamente bispos, presbíteros e leigos. Posso ser, mas não sei. É a Nunciatura que organiza o processo e ouve quem considera que deve. Neste caso, vai acontecer o mesmo”.

D. José Alves foi nomeado arcebispo de Évora em 2008 pelo Papa Bento XVI e entrou solenemente na arquidiocese a 17 de Fevereiro desse ano. Um território que conhece bem até porque, segundo recorda, “nasci aqui como padre e habituei-me ao ambiente que conheço bem”.

Com características especificas, realça o facto de ser uma diocese alentejana e do interior, o que “não é muito favorável porque o interior tem estado a viver uma experiencia interpelante na medida em que a população é cada vez em menor número e de idade mais avançada”.

Nesta linha de reflexão, o arcebispo alerta para um caminho que pode não ter retorno. “O Alentejo, como o interior de Portugal, está a caminhar para o deserto social e se não houver nada que contrarie esta tendência, a situação é muito preocupante”.

Apesar de tudo, há aspectos positivos que distinguem a diocese de outras do centro e norte do país. “Aqui a percentagem dos praticantes é menor mas estável e com tendência para crescer, já no norte é mais elevada mas com tendência notória a diminuir” acrescenta.

“Temos uma prática habitual, estável, de cerca de 10% a 12% mas há depois os que praticam esporadicamente o que faz com que cheguemos mais ou menos aos 30%”. Uma constatação feita por D. José Alves, fruto também da sua experiencia no terreno e que encontrou nas visitas pastorais (actualmente pela vigararia de Reguengos de Monsaraz) um modelo para exercer o seu episcopado e assim estar mais próximo das pessoas.

Questionado se o seu sucessor deve manter uma atitude de proximidade às pessoas, o arcebispo de Évora, sorri, e afirma: “Isso dependerá de quem vier para aqui e do estilo de pastoral que se propuser fazer. Não sei se quem vem para cá conhece ou não a diocese. É certo que quem vier se não conhece, tem que fazer um esforço para conhecer e adaptar-se às circunstâncias que aqui existem como a população envelhecida, a prática cristã ou as dificuldades que existem a nível laboral e da terceira idade.”

Comentários
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  • Moisés
    04 mai, 2016 Egipto 21:13
    Deus, está a providenciar. Os" odres velho " estão a ser substituídos por " odres novos". E eles não sabem!!! Boa noite.

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