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Bispo de Leiria-Fátima sublinha mudança promovida pelo Papa

13 abr, 2016 - 11:59 • Agência Ecclesia

D. António Marto diz que Francisco inova. “Isso percebe-se logo no título: trata-se de dar testemunho da beleza e da alegria do amor em família”.

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O bispo da Diocese de Leiria-Fátima mostrou-se “agradavelmente surpreendido” com as mudanças que o Papa promove na relação da Igreja com as famílias, na sua nova exortação ‘A Alegria do Amor’.

“O Papa Francisco, de modo genial, introduziu uma mudança da disciplina sem pôr em causa a doutrina sobre o matrimónio e a família”, disse D. António Marto, em declarações ao jornal ‘Presente Leiria-Fátima’, enviadas à Ecclesia.

O Papa publicou na sexta-feira a sua nova exortação apostólica sobre a Família, uma reflexão que recolhe as propostas de duas assembleias do Sínodo dos Bispos (2014 e 2015) e dos inquéritos aos católicos de todo o mundo.

D. António Marto, vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), considera que Francisco “inova desde logo no estilo, na abordagem e na linguagem, que vão mais longe do que uma abordagem meramente abstracta e moralista”.

“Isso percebe-se logo no título: trata-se de dar testemunho da beleza e da alegria do amor em família”, precisa.

O prelado aborda a situação dos divorciados civilmente recasados, para quem não foi possível a declaração de nulidade por parte da Igreja Católica.

O Papa não estabelece uma “regra geral”, mas “propõe percursos (itinerários) personalizados de discernimento pessoal (caso a caso) e pastoral, com vários momentos, para a melhor integração na vida da comunidade com a ajuda da Igreja”.

“Aqui o Papa abre mesmo uma janela para a possibilidade da ‘ajuda dos sacramentos’ da Reconciliação e da Eucaristia em certos casos”, realça D. António Marto.

O responsável elogia a “linguagem directa, simples e envolvente” da exortação pós-sinodal, que se dirige às “famílias concretas, imperfeitas, frágeis, mas extraordinárias”.

Em particular, o bispo de Leiria-Fátima alude a uma “mudança do olhar e da atitude pastoral da Igreja relativamente às situações familiares complexas”, que devem ser tratadas com “a lógica da misericórdia pastoral”.

“Trata-se do acompanhamento pastoral próximo, compreensivo, realista, encarnado, em ordem a uma maior integração na comunidade cristã, de modo que ninguém se sinta excomungado ou excluído. As palavras-chave são: acompanhar, discernir, integrar a fragilidade”, elenca.

O bispo fala da ‘Alegria do Amor’ como uma “Magna Carta da pastoral familiar para o futuro”.

Comentários
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  • Malaquias
    14 abr, 2016 Mesopotanea 21:11
    Sem dúvidas, o Papa quer mudanças. Mas também Cristo a quis. A igreja de hoje é, exactamente , igual à do tempo de Cristo. Cristo começou por palavras muito sedutoras para mudar a mentalidade do clero daquele tempo: fariseus, escribas e príncipes dos sacerdotes. Depois, Cristo usou a força física expulsando o vendilhões do templo de Jerusalém. Chicoteou energicamente nos vendilhões do templo. Mas a força física não resultou. E então o que resolveu Jesus Cristo? Formou novos pastores, aos discípulos e Apóstolos. E desprezou os pastores daquele tempo : Escribas e príncipes dos sacerdotes . Cristo, aos escribas e príncipes dos sacerdotes, chamou - lhes : " odres velhos" . Formada a nova classe sacerdotal, recomendou - lhes: não deiteis vinho novo em "odres velhos ", porque perdereis o vinho e o odre. Este Papa está a deitar " vinho novo" em " odres velhos". Mas está a perder o vinho, porque os odres estão tão velhos que não conseguem conservar o vinho. O Papa vai ter que imitar Cristo. Ele já limpou, em parte, o Vaticano. Vai continuar a limpar os ramos secos que não produzem frutos. A seu tempo, chegará a Portugal. Os bispos portugueses consideraram - se "odres velhos" ou " odres novos" ? Meditai.
  • Basto
    13 abr, 2016 Porto 23:48
    É interessante ver como o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e o seu vice-presidente, fizeram leituras tão diferentes do mesmo documento, para não dizer contraditórias. Numa breve revista pelos jornais mundiais, constata-se o mesmo fenómeno, uns entenderam uma coisa e outros entenderam exatamente o seu contrário. É porque o estilo literário se presta a isso, infelizmente. Cada um pode ler o que quiser...
  • Jorge
    13 abr, 2016 Pereira 12:29
    A abordagem feita nesta área de grande importância apostólica e nesta entrevista bastante bem sintetizada, leva ao que se me afigura ser o grande desafio da Igreja Católica moderna. O formalismo dogmático subjacente ao Código Canónico e à doutrina vigente, pode por vezes prefigurar a exclusão de católicos que pelas vicissitudes da vida não preencham ou não se incluam nas regras formais da Igreja. Do formalismo rígido à vida prática e quotidiana teremos por vezes uma realidade esquecida e não relevada no dia-a-dia da comunidade católica clerical, sendo mais fácil pautar os procedimentos pelo formalismo vigente. Esta abordagem de Sua Santidade o Papa releva essa realidade que tem sido esquecida e não relevada, pois os católicos leigos que pelas vicissitudes da vida não estão à altura desse formalismo, têm um mais valia que deve ser relevada e valorizada sob pena de termos uma Igreja formal afastada da realidade actual. No entanto e isso está muito bem exposto pelo Papa Francisco, há um conjunto de regras e valores, formalmente gizados, que sendo uma referência de matriz não deverão ser uma exclusão daqueles que sendo católicos e que pretendem continuar a ser, não se encaixam nessas regras. A comunidade católica deve ser um sinal constante de amor e acolhimento, o que faz a diferença nestes tempos de dificuldade em que o mundo vive.

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