Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

“Se pudesse fazer um só milagre, qual seria?”. As perguntas das crianças ao Papa Francisco

11 abr, 2016 - 17:08 • Aura Miguel

As crianças perguntaram, o Papa respondeu. “Querido Papa Francisco” reúne 30 cartas de crianças de todo o mundo e as respostas de Francisco.

A+ / A-

A minha mãe está no céu – vão-lhe crescer asas? Porquê aqueles 12 apóstolos e não outros? Se pudesse fazer um só milagre, qual seria? As perguntas foram chegando ao Papa e o padre António Spadaro resolveu transformá-las em livro, “Querido Papa Francisco”, editado em Portugal esta segunda-feira.

A génese da obra remonta a Maio de 2015, quando a Loyola Press, editora dos Jesuítas, propôs a ideia ao Papa. Francisco aceitou. Foram recolhidas 259 cartas de 26 países, incluindo Albânia, China, Nigéria, Filipinas, Portugal e escolas provisórias que acolhem refugiados sírios. Foram escolhidas para publicação 30 cartas, com o único critério da sua diversidade.

“Este livro consiste em perguntas de crianças feitas ao Papa. Na realidade, são cartas com perguntas e desenhos e as respectivas respostas que o Papa lhes deu. Por isso, é o primeiro livro do Papa dedicado a crianças, é uma espécie de diálogo à distância entre as suas perguntas e as respostas do Papa. A coisa que mais me impressionou é que nem sempre as perguntas dos miúdos não são fáceis”, diz António Spadaro à Renascença.

“Se pudesse fazer um só milagre, qual seria?”, pergunta William, de sete anos. Francisco responde que curaria todas as crianças. Esta e muitas outras perguntas, escritas com a típica letra irregular dos miúdos, vêm acompanhadas de desenhos coloridos que deliciaram Francisco.

“As crianças fazem sempre perguntas muito complexas e o Papa empenhou-se a responder e, ao mesmo tempo, também se divertiu muito a ler as perguntas e a ver os desenhos”, conta o padre Spadaro.

“Diria que, por um lado, há uma capacidade dos miúdos de chegar ao núcleo, ao centro, às perguntas fundamentais e, por outro lado, a capacidade do Papa se exprimir com poucas palavras, de exprimir o essencial.”

Entre tantas cartas enviadas ao Papa, uma das escolhidas é do português João, aluno do colégio São Tomás, em Lisboa. Mas o livro não é só para crianças. “É um livro que pode ser lido em família. Isso seria mesmo a coisa ideal: que pais e filhos lessem juntos este livro. Eu também aprendi muito a identificar-me com as perguntas das crianças, que são perguntas muito fortes e, também, com a sabedoria do Papa, que é muito acutilante, profunda e capaz de se exprimir com palavras simples, adaptadas às crianças.”

“Querido Papa Francisco”, uma edição Paulinas, está à venda em Portugal a partir desta segunda-feira. O lançamento está marcado para dia 21, em Lisboa, com a presença do padre António Spadaro.

Querido Papa Francisco,

se tu conseguisses fazer um milagre, que milagre fazias?

Com amizade, William, 7 anos, EUA

Querido William,

Eu curaria as crianças. Ainda não consegui entender porque é que as crianças sofrem. Para mim é um mistério. Não sei dar uma explicação. Também me interrogo sobre isso. Rezo sobre esta pergunta: porque é que as crianças sofrem? É o meu coração que faz a si próprio essa pergunta. Jesus chorou e, chorando, entendeu os nossos dramas. Eu tento entender. Se eu pudesse fazer um milagre, curava todas as crianças. O teu desenho faz-me refl ectir: tem uma grande cruz escura e, por trás dela, há um arco-íris e o sol resplandecente. Gosto disso. A minha resposta à dor das crianças é o silêncio ou alguma palavra que brote das minhas lágrimas. Eu não tenho medo de chorar. Tu também não o deves ter.


Querido Papa Francisco,

A minha mãe está no Céu. Será que lhe vão crescer asas de anjo?

Luca (7 anos, Austrália)

Querido Luca,

Não, não, não! A tua mãe está no Céu muito bonita, magnífica, cheia de luz. Não lhe cresceram asas. É precisamente a mesma mãe que tu conheces, mas mais bonita do que nunca. E ela olha para ti e sorri-te, a ti que és o seu filho. De cada vez que te vê, a tua mãe fica contente se tu te portas bem. Se não te portas bem, ela continua a gostar de ti, e pede a Jesus que te torne melhor. Pensa assim na tua mãe: muito bonita, sorridente e cheia de afecto por ti.


Querido Papa Francisco,

Quando o vi na Praça de São Pedro, senti uma grande alegria porque olhou para mim. O que sente quando olha para as crianças à sua volta?

Obrigado pela sua atenção.

Um abraço do João (10 anos, Portugal)

Querido João,

Perguntaste-me o que é que eu sinto quando olho para as crianças. Sim, vejo tantas crianças e posso sorrir-lhes, abraçá-las e beijá-las, mesmo quando vou de automóvel, porque tenho as mãos livres: não devo ser eu a guiar, como tu desenhaste! E fico feliz quando as vejo. Sinto sempre muita ternura, muito afecto. Mas isso não basta. Na realidade, quando olho para uma criança como tu, sinto que se eleva do meu coração muita esperança. Porque ver uma criança, para mim, é ver o futuro. Sim, sinto muita esperança porque cada criança é uma esperança para o futuro da nossa humanidade.


Querido Papa Francisco,

Se Deus nos ama tanto e não quis que nós sofrêssemos, porque é que não venceu o demónio?

Alejandra (9 anos, Peru)

Querida Alejandra,

Deus venceu o diabo, venceu-o na cruz. Derrotou-o, mas à sua maneira. O diabo é um vencido, foi vencido. Sabes como são os dragões? Sabes como ficam quando estão mortos? Ora, ao diabo sucede como aos dragões grandes e assustadores que são vencidos e mortos: eles têm uma cauda muito comprida, e mesmo que tenham sido atingidos e mortos continuam a agitá-la, embora estejam mortos. A sua cauda move-se e pode fazer mal a alguém. Em ponto pequeno, vês o mesmo com as lagartixas, quando perdem a cauda: já separada do corpo, continua a agitar-se. A morte de Jesus venceu a morte. O diabo é um vencido: não te esqueças disto. É como um perigoso dragão ou dinossauro que agita a cauda durante algum tempo, apesar de já estar morto.

Sugiro-te ainda outra imagem: o diabo é como um cão acorrentado que ladra e rosna, mas, se tu não te aproximares dele, não te pode morder.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Jorge
    11 abr, 2016 Lisboa 22:19
    Transformava a agua em cerveja.
  • José Maria Silveira
    11 abr, 2016 Lagoa - Açores 20:02
    Só mesmo o DEAR POP FRANCISCO conseguiria responder assim a estas perguntas dos meninos com respostas MARAVILHOSAS. Que DEUS continue a lançar sobre Si a sua BENÇÃO por muitos e muitos anos, são os meus desejos, e o que peço diariamente nas minhas orações.

Destaques V+