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Papa defende preparação para o casamento e ajuda para quem falha

08 abr, 2016 - 10:43 • Filipe d'Avillez

Uma das conclusões dos sínodos foi a necessidade de se melhorar a preparação para o casamento. Francisco deixa muita margem de manobra para as paróquias mas recorda que quem tem pais num casamento sólido já tem meio caminho andado.

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Não se pode ensinar o amor num curso, diz o Papa Francisco, mas não é por isso que as paróquias não devem apostar na formação dos casais que pretendem contrair matrimónio pela Igreja. São ideias que constam da exortação apostólica sobre família divulgada esta sexta-feira.

A necessidade de se preparar melhor os casais para o casamento foi uma das conclusões mais consensuais dos dois sínodos sobre a família que se realizaram em Outubro de 2014 e 2015, mas a realidade tão diversa, em termos geográficos e culturais, impede a Igreja de impor um só modelo.

“Há várias maneiras legítimas de organizar a preparação próxima para o matrimónio e cada Igreja local discernirá a que for melhor, procurando uma formação adequada que, ao mesmo tempo, não afaste os jovens do sacramento. Não se trata de lhes ministrar o Catecismo inteiro, nem de os saturar com demasiados temas”, diz o Papa, “são indispensáveis alguns momentos personalizados, dado que o objectivo principal é ajudar cada um a aprender a amar esta pessoa concreta com quem pretende partilhar a vida inteira. Aprender a amar alguém não é algo que se improvisa, nem pode ser o objectivo de um breve curso antes da celebração do matrimónio”.

O Papa sublinha que não há curso que possa preparar melhor os casais de noivos do que a vivência de terem crescido em casas com casamentos estáveis. “Provavelmente os que chegam mais bem preparados ao casamento são aqueles que aprenderam dos seus próprios pais o que é um matrimónio cristão, onde se escolheram um ao outro sem condições e continuam a renovar esta decisão”.

Uma boa preparação não é necessariamente aquela que conduz a um casamento feliz, podendo antes convencer os noivos de que não devem casar, diz ainda o texto da exortação apostólica. “Infelizmente muitos chegam às núpcias sem se conhecer. Limitaram-se a divertir-se juntos, a fazer experiências juntos, mas não enfrentaram o desafio de se manifestar a si mesmos e apreender quem é realmente o outro”, conclui.

Entre as várias propostas pastorais que o Papa faz inclui-se a formação nas paróquias de casais mais maduros que possam ajudar os recém-casados, aconselhando-os e servindo de modelo a seguir. Francisco realça também que “se revela particularmente urgente um ministério dedicado àqueles cuja relação matrimonial se rompeu”.

O capítulo sobre perspectivas pastorais para as famílias inclui também uns apontamentos sobre a necessidade de se formar bem o clero para poder acompanhar com mais propriedade os casais e as suas dificuldades. Enigmática é uma frase em que Francisco diz que “pode ser útil também a experiência da longa tradição oriental dos sacerdotes casados”, mas sem que se explique em lado algum como é que se deve tirar proveito dessa tradição.

A exortação apostólica “A Alegria do Amor” tem mais de 250 páginas e divide-se em nove capítulos que pretendem abarcar os principais desafios que se colocam à família nos tempos modernos, incluindo a espiritualidade conjugal, a importância da educação dos filhos e dois capítulos mais profundos e catequéticos sobre o amor conjugal. A questão do acesso aos sacramentos por parte de divorciados recasados é abordada no capítulo oitavo. Embora tenha data de 19 de Março, dia de São José, o texto só foi tornado público esta sexta-feira, dia 8 de Abril.

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