08 mar, 2016 - 18:14
Quando Steve Jobs estava a desenvolver o Macintosh, fez questão de usar fontes bonitas e atraentes. Essa atenção ao detalhe, que mudaria para sempre o visual dos computadores pessoais, deve-se a um padre e professor de caligrafia que Jobs conheceu na universidade.
O padre Robert Palladino sempre gostou de caligrafia, mas foi aos 17 anos, quando entrou para um mosteiro trapista, que começou, verdadeiramente, a desenvolver a sua arte.
A sua vida religiosa foi acidentada. Não gostou das reformas litúrgicas e de disciplina do Concílio Vaticano II e acabou por sair da congregação. Recebeu dispensa para poder casar e dedicou-se ao ensino da sua arte em Reed College, onde, em 1972, teve como aluno um tal Steve Jobs. Depois de enviuvar, obteve, novamente, licença do Vaticano para exercer o sacerdócio. Em todo este tempo, nunca teve um computador.
Mais tarde, Jobs comentaria que tinha aprendido com Palladino sobre letras serifadas e não serifadas, “sobre a variação na quantidade de espaço entre diferentes combinações de letras, sobre tudo o que torna a tipografia grande. Foi lindo, histórico, artisticamente subtil de uma forma que a ciência não consegue captar, e achei tudo aquilo fascinante”.
Nesse mesmo discurso, citado pelo "New York Times", Steve Jobs explicou a influência que essa paixão tinha tido para o mundo dos computadores: “Dez anos mais tarde, quando estávamos a desenvolver o primeiro Macintosh, veio-me à memória, outra vez, e incluímos tudo isso no Mac. Tratou-se do primeiro computador com uma tipografia bonita. Se eu não tivesse frequentado aquela aula na universidade, o Mac nunca teria tido vários tipos e fontes proporcionalmente espaçados. E tendo em conta que o Windows se limitou a copiar o Mac, é provável que nenhum computador pessoal os tivesse.”
Robert Palladino morreu no passado dia 26 de Fevereiro, no estado do Oregon, com 83 anos de idade.