26 fev, 2016 - 11:36
O porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), Manuel Barbosa, classifica como "uma afronta aos crentes" o uso de uma imagem de Jesus Cristo numa campanha do Bloco de Esquerda em defesa da adopção por casais homossexuais.
De acordo com o "Público", o BE vai colocar nas ruas um cartaz com a imagem de Jesus Cristo no qual se lê "Jesus também tinha dois pais" e que pretende assinalar a data de 10 de Fevereiro de 2016, dia em que o Parlamento confirmou as leis vetadas no final de Janeiro pelo Presidente da República, Cavaco Silva, sobre a adopção por casais homossexuais e as alterações à lei da Interrupção Voluntária da Gravidez.
Em declarações, esta sexta-feira, à agência Lusa, o porta-voz da CEP disse que o cartaz "afronta os crentes que seguem Jesus Cristo e os que são da Igreja, naturalmente".
"Deve haver respeito pela liberdade de expressão. Sabemos que esse respeito deve ser sempre um respeito mútuo. A liberdade implica sempre relação e co-responsabilidade e, este respeito mútuo, não sei se estará presente no anúncio deste cartaz", sublinhou Manuel Barbosa, para quem o cartaz do BE é "uma analogia sem sentido".
"É de lamentar que não se tenha em atenção as convicções de quem segue Jesus Cristo, mesmo que este cartaz já tenha sido feito noutros países. É uma cópia de muito mau gosto", sustentou.
O responsável pela comunicação da CEP disse ainda esperar que o cartaz "não seja motivo para desviar a atenção em relação aos problemas da vida das pessoas".
O porta-voz dos bispos disse ainda que o cartaz "vale o que vale", realçando que "há coisas mais importantes".
Cartaz não é peça única da campanha
De acordo com o "Público", o cartaz é apenas uma das peças de uma campanha do BE que inclui ainda um "outdoor", no qual se lê a palavra "Igualdade", acompanhada de desenhos que representam diferentes tipos de famílias". Haverá ainda autocolantes e uma sessão pública para discutir o tema.
A deputada do BE Sandra Cunha disse ao "Público" que a ideia do cartaz com a imagem de Jesus Cristo não pretende ofender nem a Igreja, nem a religião, tratando-se apenas de "mostrar às pessoas que sempre existiram famílias diferentes e que essa não é uma realidade nova, nem recente".
Manuel Barbosa critica: "Essa dos pais espirituais é abusiva. Penso que há um certo aproveitamento, num período em que na Igreja se está a viver um tempo forte de Quaresma, depois a Páscoa e o Ano da Misericórdia. Não sei se é coincidência ou se é propositado.