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D. Manuel Clemente espera que deputados reconsiderem leis do aborto e adopção

04 fev, 2016 - 21:22

Patriarca acrescenta que abertura da questão da eutanásia pode ser “um assunto muito perigoso”.

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O cardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, considera importante usar-se bem este novo momento de reflexão e debate na Assembleia da Republica sobre a adopção por casais do mesmo sexo e a interrupção voluntária da gravidez.

O Presidente da República vetou as duas leis e o assunto vai regressar ao Parlamento na próxima quarta-feira.

Questionado pela Renascença, D. Manuel Clemente diz que estão em causa duas matérias em que não pode haver precipitação porque há grandes valores em causa. “Faz todo o sentido que volte à consideração dos deputados. Espero, vivamente, que os deputados tomem a sério as observações que o Presidente da República fez porque são de boa parte da sociedade portuguesa”, declarou.

D. Manuel Clemente diz que “o direito à vida começa onde a vida começa e a vida em gestação não fica fora desse direito. As pessoas que pretendem eliminar a vida em gestação devem ser devidamente acompanhadas para que percebam que da parte da sociedade há alternativas", defende.

"Em relação à adopção por pessoas do mesmo sexo, ela contraria aquilo que tem sido sempre a evidência humana. É um passo em falso a adopção por pessoas do mesmo sexo”, defende o patriarca de Lisboa.

Eutanásia é "assunto muito perigoso"

Questionado ainda sobre o manifesto que vai pedir um debate público sobre a eutanásia, iniciativa que junta um conjunto de individualidades da sociedade portuguesa, D. Manuel Clemente é claro na resposta, defendendo que o caminho tem de ser outro.

“É um debate que se vai fazendo. Há pessoas que, mediante doenças, isolamento ou por razões de outra ordem, se sentem pouco motivadas para viver, mas essas questões - que são questões reais - são respondidas com mais vida, com mais convivência, com mais companhia. No caso das doenças, há os cuidados paliativos e, sobretudo, em termos de convivência”, argumenta.

"Se nós abrimos uma porta à legalização da eutanásia, estamos a abrir uma porta muito difícil de fechar", sublinha o cardeal clemente, prosseguindo: "Todos nós podemos, mais cedo ou mais tarde, sentir-nos muito inseguros se acabam por ser outros a decidir por nós ou se induzirmos a uma decisão que, no fundo, não seria a nossa se fossemos devidamente aconselhados. É um assunto muito perigoso."

As declarações do cardeal patriarca de Lisboa à Renascença foram feitas após uma conferência sobre o ano da misericórdia na AESE Business School, em Lisboa.

Comentários
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  • rosario almeida
    07 fev, 2016 cascais 22:00
    Concordo com D. Manuel Clemente,sao assuntos muito delicados, nao os considero nem politicos nem religiosos, mas sim de direitos humanos. No caso do aborto que haja alguem que defenda o elo mais fraco, que nao se veja esse ser em crescimento como um pedaço do corpo da mulher. È inacreditavel que em pleno sec 21, com tanta evoluçao nas ecografias ainda haja quem assim pense.. nao sou indiferente a certos dramas, que se arranje mais apoio ás mulheres, mas nunca a soluçao de descarte.... Quanto á adopçao que se defendam os direitos das crianças e nao dos homosexuais. Crianças ja em situaçao pouco normal entregues ás instituiçoes, merecem soluçoes o mais parecido possivel com o natural pai + mae.
  • João Lopes
    05 fev, 2016 Viseu 18:42
    Escreveu João Paulo II: «Reivindicar o direito ao aborto, ao infanticídio, à eutanásia, e reconhecê-lo legalmente, equivale a atribuir à liberdade humana um significado perverso e iníquo: o significado de um poder absoluto sobre os outros e contra os outros. Mas isto é a morte da verdadeira liberdade». E hoje, 5-2-16, escreveu no Observador o Psiquiatra Pedro Afonso: «A eutanásia é um mal que contradiz a própria ética médica, porque se opõe ao dever do médico de permanecer ao lado da vida, respeitando-a e procurando preservá-la em todas as condições. A eutanásia trata-se, na verdade, de uma compaixão falsificada». E na adoção, os pais não têm direito ao filho, mas o filho, sim, tem direito a um pai e uma mãe!
  • jose antunes
    05 fev, 2016 Guimaraes 17:54
    Mas o aborto e a eutanásia é um assunto para uma sociedade laica? não confundam as coisas: é uma questão de direitos humanos. E só depois é que vem a questão religiosa! Não confundam as coisas! E quanto aos cristãos digo algo que a todos atinge ou quase todos:não se comprometem com os valores que devem orientar a vida. Vivem uma vida de indiferença. E aqui é que está o problema. Vivem instalados. Têm tudo e julgam não precisar de nada. A minha geração sempre teve tudo quando e como quis. Portanto falar de aborto, eutanásia e outros problemas , os outros que resolvam. Esta é a grande questão dos cristãos católicos portugueses: INDIFERENÇA.
  • 05 fev, 2016 14:03
    Porque é que o Senhor Cardeal Patriarca não arregaça as mãos e defende a verdade e os inocentes como um verdadeiro cristão e dá a cara com acçoes e nao so com palavreado que a assembleia da republica e os deputados levam tanto em consideraçao como a do vento que passa na rua que entra por um ouvido e sai pelo outro e os do BE PCP e PS acho que so lhes serve para troçar! Porque é que o Sr Patriarca nao pressiona O Prof Cavaco e Prof Martelo que se dizem cristaos mas lavam as maos como pilatos hoje na leitura de s morte de S JoASO Batista se ce o como fazem os cerdadeiros cristaos a denunciar o mal e ahipocrisia e defender os inocentes ate a morte Convoque uma grande manifestaçao em lisboa e em todas as capitais de distrito e não seja cobarde!!!!
  • Judite Gonçalves
    05 fev, 2016 Barreiro 09:16
    Apesar do o Estado ser laico, gostava de saber se as pessoas que são Católicos, ou exercem funções na Igreja deixa de ser cidadão e deixa de poder ter direito à opinião. Se assim for a democracia existe para quem? Não me digam que o aborto existe pela vontade do povo, pode haver uma parte que o defende, mas há outra que não. E só para recordar houve um primeiro referendo em que o povo português disse não ao aborto, mas os deputados não descansaram enquanto não fizeram um segundo para que a sua vontade fosse sufragada. Desta vez ganho o sim, mas se não ganhasse tenho a certeza que os senhores deputados iria fazer referendo atrás de referendo para que a sua vontade fosse satisfeita. De resto para que mais referendos, se a nossa sociedade participa cada vez menos em actos ditos democráticos, sejam referendos, seja eleições. Apenas mais uma questão quem é que pediu a estes deputados para mexer na lei do aborto, que eu saiba ninguém. Mas eles tinha fazer alguma coisa e por isso legislaram, e legislaram, da forma mais fácil. Porque matar quem ainda não se pode defender é a coisa mais fácil. Só falta darem um subsídio às mulheres que em plena consciência decidem que a vida do gestante acaba ali. Agora quem estiver a favor leva aplausos e quem estiver contra, que se cale, porque quem está contra não tem direito a opinião. Porque o Estado é laico, porque quem tem é cristão não tem mais direito a opinião nenhuma, tal como o pequeno ser, que não pensa, mas já existe.
  • Silvino Dias Ruivo
    05 fev, 2016 Lisboa 08:24
    Enquanto cristão, concordo em absoluto com o Cardeal Patriarca quanto ao aborto e à eutanásia. Quanto à adopção, a questão já se torna mais complexa. Há que ponderar o bem da criança. É melhor que ela continue institucionalizada, e aos 18 anos largada na vida, ou ser criada num ambiente de paz e de amor? É que eu estou plenamente convicto que a homosexualidade não se "pega".
  • Francisco Videira
    05 fev, 2016 Gafanha da Nazaré 07:58
    "No caso das doenças há os cuidados paliativos e, sobretudo, em termos de convivência." Pintamos uns bonecos cor-de-rosa, e deixa de doer... Eu também gostava que a mentalidade da Igreja evoluísse para o século...vá lá,,,XVIII...
  • Maria
    05 fev, 2016 Sintra 02:11
    Estamos a abrir um caminho muito perigoso em relação à eutanásia. CONCORDO!! Se hoje em dia as pessoas deixam os idosos abandonados nos Hospitais e não os vão buscar… daqui a pouco, decidem em nome deles e despacham-nos a grande velocidade! E pior ainda será alguém gravemente doente e cansada de dores falar no assunto a familiares e estes decidirem de imediato! Todos sabemos que as familias nem sempre são os melhores amigos, infelizmente. Desde heranças a invejas há de tudo um pouco. Que se levante a pessoa que não tem ou teve um problema com um familiar, ou familiares, que ate então eram grandes amigos. A Sociedade está transformada! As pessoas só pensam nelas e depois delas, são outra vez elas! Concordo… pode ser um caminho muito perigoso… sim pode!
  • Carlos Gonçalves
    05 fev, 2016 Seixal 00:54
    Outro a meter a foice em seara alheia...não deve saber que o Estado é laico e independente da igreja e que a igreja já não manda como no tempo da outra senhora!
  • Porconta
    05 fev, 2016 Porto 00:45
    O que eu gostava como cristão é que a igreja e os seus responsáveis respeitassem o povo e a democracia, o aborto foi aceite em referendo ao povo e não pelos deputados, e sendo assim era ao povo em novo referendo que se devia perguntar novamente se fosse caso disso, mas não me parece que o tenha sido, simplesmente um muito pequeno grupo se considerou dono da vontade popular e dono dos bons costumes, porque a meu ver tiraram o curso num qualquer curso de "cristandade".

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