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Igreja americana suspensa da Comunhão Anglicana

16 jan, 2016 - 11:36 • Filipe d'Avillez

A decisão de aceitar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, contrariando as orientações da comunhão, foram a gota de água para uma igreja que se orgulha de ser liberal e inclusiva.

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A Igreja Episcopal dos Estados Unidos foi suspensa da Comunhão Anglicana após uma reunião de líderes eclesiais, conhecidos como primazes, que decorreu ao longo da semana passada em Cantuária, em Inglaterra.

Dezenas de primazes anglicanos de todo o mundo reuniram-se a convite do Arcebispo de Cantuária, considerado o primus inter pares [primeiro entre iguais] dos anglicanos. Enquanto arcebispo de Cantuária, Justin Welby tem a missão de manter a unidade na comunhão, embora não tenha poderes efectivos para impor a sua vontade às diferentes províncias.

Essa missão tem-se tornado cada vez mais difícil ao longo das últimas décadas, com as províncias crescentemente divididas sobre assuntos como a interpretação das Escrituras e atitudes face a questões como a sexualidade. De um lado estão as províncias mais liberais, à cabeça dos quais se encontra a Igreja Episcopal, mas que incluem as igrejas anglicanas do Canadá, da Austrália e da Nova Zelândia. Do outro estão as igrejas africanas e do Hemisfério Sul em geral.

Segundo fontes anglicanas a reunião decorreu de forma muito franca e com discussão aberta e sincera e terminou com a aprovação de uma resolução que força a suspensão da Igreja Episcopal da comunhão, devido à decisão de aprovar o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Os americanos vêem-se assim excluídos do Conselho Consultivo e de todos os órgãos executivos da Comunhão Anglicana, pelo menos até 2018, altura em que se reúne a Convenção Geral dos episcopalianos. Caso a decisão de aceitar o casamento homossexual não seja revogada, a suspensão não será levantada.

Embora as divergências tenham raízes muito mais profundas, as questões da homossexualidade têm sido a pedra de toque neste conflito entre conservadores e liberais na Comunhão Anglicana. Em 2003 os americanos tornaram-se a primeira igreja anglicana a elevar ao episcopado um homem a viver numa relação homossexual assumida e não casta. A decisão causou divisão na Comunhão e foram vários os pedidos feitos à igreja americana para não avançar com mais decisões unilaterais desse género, mas estes pedidos foram sendo ignorados.

Dirigindo-se aos restantes primazes, no final do encontro, Michael Curry, o responsável pela Igreja Episcopal, disse que esta decisão se traduziria em verdadeira dor para os anglicanos americanos, nomeadamente para os homossexuais que tinham encontrado na Igreja Episcopal um espaço de acolhimento.

Comentários
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  • Marcelo Aparecido Be
    14 out, 2016 São Paulo 17:13
    Esqueceram de citar que nós da IEAB Igreja Anglicana representante da Comunhão Anglicana no Brasil, estamos ao lado da nossa igreja mãe americana e estudamos tal ação que no último Sínodo não foi ainda aprovada mas que no futuro bem próximo o será. Deixando claro que temos na nossa igreja pastores gays e membros gays também sendo muito bem incluídos em todas as esferas da nossa Igreja no Brasil.
  • Mafurra
    16 jan, 2016 Lisboa 12:43
    Ou querem ser gays e têm toda a liberdade para o serem, ou querem ser religiosos. Primazes neste caso. Agora não podem é obrigar uma instituição a mudar os seus conceitos para satisfazer os seus desejos. Até porque ninguém os proíbe de seguir essa ou outra religião cristã.

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