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Aura Miguel

A mão enrugada do Papa

24 set, 2015 - 09:08

Desde as primeiras horas nos EUA, Francisco está a marcar pontos, ou seja, é, de facto, um companheiro de caminho.

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A mão que Francisco estendeu a Barack Obama e que vai hoje estender aos políticos desta potência mundial é a mesma mão que tem, nestes dias, acariciado dezenas de crianças, idosos e doentes norte-americanos. É a mesma mão que acena pela janela aberta do vulnerável carro utilitário - uma mão “já velha e enrugada, mas, por graça de Deus, ainda capaz de sustentar e encorajar”, como referiu o próprio Francisco no discurso aos bispos.

Para quem nunca tinha vindo a este país e diz que a língua inglesa não é o seu forte, o primeiro Papa americano reconhece que “aqui não se sente um estrangeiro”, porque “na sua velhice, foi chamado por Deus, de uma terra que também é americana”. E, como americano que é, “como um irmão deste país” (discurso na Casa Branca), o seu maior desejo é que “o Papa não seja um mero nome pronunciado rotineiramente, mas uma companhia palpável”. Por isso, desde as primeiras horas nos EUA, Francisco está a marcar pontos, ou seja, é, de facto, um companheiro de caminho.

É também disto que se trata quando o vice-presidente Joe Biden, o Secretário de Estado John Kerry e o líder da oposição Joe Boehner apertarem “a mão velha e enrugada” do Papa, o primeiro que entra oficialmente no Congresso dos EUA para “transmitir palavras de encorajamento” aos responsáveis pelo futuro político da nação. Mas, independentemente do que Francisco possa vir a dizer - e apesar das divisões entre democratas e republicanos -, os políticos dos EUA, pelo simples facto de o terem convidado, já reconheceram neste seu “irmão mais velho” um coração dilatado e cheio de esperança, que deseja “incluir todos” no seu abraço de Papa.

Comentários
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  • Maria Coutinho
    24 set, 2015 Cascais 12:03
    Que o Papa Francisco seja mais ouvido, na espessura e profundidade do que diz - como aliás disse na entrevista a Aura Miguel sobre vários problemas do mundo, dos refugiados à corrupção. Antes isso do que ser uma espécie de «superstar» que por umas horas muda as ruas, os locais de trabalho, as conversas e os interesses de cada um. Que as suas mensagens entrem e fiquem nas mentes de quem o ouve, que percebam a lógica e a coerência de ser cristão. Que se pratiquem talvez menos (?), horas de contemplação ou de repetição de súmulas religiosas, e as fórmulas em que acreditamos. E muito mais comportamentos de apoio à vida: das pessoas de cada país pelos seus governos; dos que vêm de fora e merecem ser acolhidos, dos pequeninos e frágeis cujos sinais vitais podem ainda ser raros e escassos. Que os políticos que citam o Papa, e que parecem querer colar-se às suas ideias para ganhar votos, sejam coerentes com o que dizem; que não o citem em vão e só porque agora é o que dá jeito! Que sejam verdadeiros e sobretudo dêem exemplos de vida, que é o que hoje não acontece. Que um político honesto deixe de ser hoje a maior raridade à superfície do planeta!

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