29 nov, 2024 - 16:16 • Ana Kotowicz , Manuela Pires
O Orçamento do Estado é do Governo, mas PS e Chega não podem sacudir a água do capote. O primeiro-ministro foi perentório ao afirmar que os dois maiores partidos da oposição têm responsabilidades sobre o OE2025, já que muitas medidas aprovadas — inclusive contra a vontade do Executivo — foram com o aval dos dois partidos.
A proposta de lei do Orçamento do Estado para 2025 foi aprovada esta sexta-feira na votação final global com votos a favor dos dois partidos que sustentam o Governo, PSD e CDS-PP, e com a abstenção do PS. Chega, IL, BE, PCP, Livre e PAN votaram contra.
"Este é um Orçamento do Governo, é um Orçamento dos dois partidos que o suportam na Assembleia da República, mas é um Orçamento que tem a corresponsabilidade do Partido Socialista e do Chega — o maior partido da oposição e o segundo maior partido da oposição —, porque várias das decisões que foram tomadas, foram tomadas com o apoio desses partidos, mesmo aquelas que foram tomadas contra a vontade do Governo", afirmou Luís Montenegro, falando aos aos jornalistas à saída do debate.
"Creio que estão criadas as condições para utilizarmos o Orçamento do Estado como ele deve ser utilizado, como um instrumento ao serviço das políticas públicas, ao serviço dos cidadãos, ao serviço das empresas, ao serviço da justiça social e ao serviço do crescimento da economia", acrescentou o chefe do Governo, salientando que a votação aconteceu num momento em que a composição do Parlamento é complexa. A AD soma 80 deputados, contra 78 do PS, o que não dá ao governo garantias de que consiga aprovar as medidas que pretende.
Orçamento do Estado
Oposição conseguiu aprovar mais de uma centena de (...)
"Do ponto de vista político", Montenegro considerou que este é um Orçamento que "dá esperança ao país porque contempla o essencial da proposta do Governo, do programa do Governo, mas também contempla muitas das propostas mais importantes dos principais partidos da oposição".
A aprovação final do OE2025 foi aplaudida de pé no Parlamento pelas bancadas do PSD e do CDS-PP, enquanto a bancada do Chega levanta cartazes nos quais se lia "este parlamento perdeu a vergonha".
Numa reação às palavras de Luís Montenegro, o secretário-geral socialista, Pedro Nuno Santos, recusa ser "corresponsável" pelo Orçamento do Estado e assegura que o PS em nenhum momento “passa a ser suporte deste Governo”, que acusou de ser “profundamente incompetente”.
Após a aprovação do Orçamento do Estado, Pedro Nuno Santos justificou a viabilização com “razões de Estado”, enfatizando que “o Governo recuou de forma significativa em duas traves mestras” da sua proposta.
“Em nenhum momento o PS passa a ser suporte deste Governo. Não é, não deve ser e não vai ser, até porque à medida que o tempo passa vamos constatando todos que estamos perante um Governo que é profundamente incompetente”, sublinhou.
“Nós não viabilizamos este orçamento porque concordamos com o seu conteúdo. Fazemos um combate às políticas deste Governo”, disse o líder do PS.