09 nov, 2024 - 19:31 • Manuela Pires
O Partido Socialista da Madeira vai votar a favor da moção de censura apresentada pelo Chega no próximo dia 18 de novembro.
A decisão foi tomada, esta tarde, por unanimidade na reunião da comissão política regional e anunciada por Paulo Cafôfo que justifica a decisão em nome da coerência.
“O voto é favorável e significa isto que o Partido Socialista tem uma coerência na sua ação, porque nós não poderíamos, nem vamos, segurar este governo de Miguel Albuquerque” anunciou Paulo Cafôfo.
“Os madeirenses não compreenderiam como é que o Partido Socialista, com um historial de luta contra este regime, que num momento tão decisivo hesitasse em votar contra esta moção de censura”.
Em declarações aos jornalistas, no final da reunião, Paulo Cafôfo acusou o governo de Miguel Albuquerque de não resolver os problemas da região, mas acima de tudo a censura deve-se ao facto de vários membros do governo estarem envolvidos em processos judiciais.
“Temos um governo de oito elementos e cinco elementos, incluindo o seu presidente, estão a contas com a Justiça. Isto não é normal numa democracia, não pode ser normal, nem podemos nós aceitar que assim seja” referiu Paulo Cafôfo.
Questionado sobre as declarações de Miguel Albuquerque que acusou a oposição de estar a criar uma situação de instabilidade política na região. O líder do PS Madeira diz que o partido não pode ser responsabilizado por esta crise e lembra as garantias que Albuquerque deu quando assumiu o governo minoritário.
“Deu a garantia aos madeirenses e porto-santenses que tinha condições de dar estabilidade a um governo e de ser um governo que durasse os quatro anos. Não fui eu, foi Miguel Albuquerque.
Essa garantia, como se viu e está vista por toda a gente, falhou e Miguel Albuquerque falhou precisamente nessa promessa ou nesse compromisso” referiu Paulo Cafôfo.
Madeira
O líder do governo regional reuniu esta manhã a co(...)
O líder do partido socialista da Madeira foi questionado sobre o texto da moção que faz duras críticas ao partido socialista acusando-o de ser cúmplice das más práticas do governo na madeira. “ O partido socialista cuja incapacidade evidente e crónica de apresentar uma alternativa credível ao partido do poder quase que o eleva ao estatuto de cúmplice ético e moral das evidentes más práticas instaladas na governação madeirense” lê-se no texto da moção .
Paulo Cafôfo desvaloriza e garante que está em causa a censura ao governo do PSD.
“Não nos interessa um parágrafo e o texto da moção, interessa-nos é a censura a Miguel Albuquerque e ao governo” responde Paulo Cafôfo.
Já este sábado Miguel Albuquerque garantiu que não se demite nem do governo, nem do PSD Madeira e que se a moção de censura for aprovada, a única saída é a convocação de eleições. O presidente do governo regional disse ainda aos jornalistas que conta com o apoio do partido e que não vaio fazer qualquer remodelação do governo regional.
No texto da moção, o Chega invoca as investigações que envolvem os cinco governantes e considera que as suspeitas revelam uma “teia organizada de cumplicidade” que visa “maximizar os lucros pessoais em detrimento do bem comum”.
O Chega entende que existe “uma aliança cáustica entre os corredores do poder político e o mundo empresarial”. “A única resposta possível para salvar o que resta da credibilidade das instituições da governação é a apresentação imediata de uma moção de censura”, lê-se no texto da moção de censura.
Miguel Albuquerque foi constituído arguido no final de janeiro num inquérito que investiga suspeitas de corrupção, abuso de poder e prevaricação, entre outros. Em causa estão alegados favorecimentos de empresários pelo poder público, em troca de contrapartidas.
O social-democrata, líder do Governo Regional desde 2015, venceu as eleições antecipadas de maio, e num acordo pós-eleitoral, o PSD com 19 mandatos e o CDS com 2, não conseguiram maioria absoluta e foi a abstenção de três deputados do Chega que permitiu a aprovação do Orçamento da Madeira para 2024.
Com a atual composição da Assembleia Legislativa, e com o voto a favor do PS, Miguel Albuquerque precisa da abstenção do Juntos Pelo Povo que tem 9 deputados.