07 nov, 2024 - 17:37 • Manuela Pires
Miguel Pinto Luz anunciou esta quinta-feira no parlamento que o Governo vai avançar no próximo ano com o processo de privatização da TAP sem revelar, no entanto, qual o modelo que vai ser adotado.
“Daremos início, em 2025, ao processo de reprivatização da empresa. Para esse efeito, temos ouvido todas as partes interessadas”, disse o ministro das Infraestruturas e Habitação, que está a ser ouvido na Assembleia da República o âmbito da discussão do Orçamento do Estado na especialidade.
Miguel Pinto Luz referiu que ainda não está definido o modelo de privatização, mas há condições prévias de que o Governo não abdica como a sede da empresa em Lisboa e a manutenção do hub na capital.
“Seja qual for o modelo final de privatização, há garantias que deixo expressas aqui, a marca TAP vai manter-se, as ligações aéreas estratégicas nacionais e para a diáspora portuguesa não serão reduzidas nem prejudicadas, Lisboa continuará como centro operacional da transportadora aérea e a sede da empresa também se manterá em Lisboa”, referiu Miguel Pinto Luz.
O ministro das Infraestruturas disse ainda aos deputados que o Governo está a ouvir todos os interessados e que a TAP mantém uma elevada reputação e com resultados positivos.
“Posso assegurar-vos que a reputação da TAP é sólida e tem vindo a reforçar-se. Também no plano financeiro, com resultados operacionais em linha ou superiores aos congéneres europeus”, garantiu aos deputados.
Ainda esta manhã, o presidente executivo da Air France- KLM, citado pela agência lusa, reiterou o interesse na privatização da TAP, após uma reunião inicial “muito positiva” com o Governo português, desde que se adeque às suas ambições estratégicas e ao que o executivo pretende.
“Temos interesse em seguir esta oportunidade, assumindo que está dentro das nossas ambições estratégicas e que somos capazes de cumprir com o que o Governo português procura”, afirmou o presidente executivo do grupo aéreo franco-neerlandês, Benjamin Smith, em teleconferência de imprensa, sobre os resultados do terceiro trimestre.
Em resposta ao deputado Paulo Núncio do CDS, o ministro das Infraestruturas e Habitação revelou que há mais de uma dúzia de interessados na companhia aérea portuguesa, incluindo os três grupos, a IAG, a Air France- KLM e a Lufthansa, cuja reuniões com o governo foram tornadas publicas.
“Eu diria, mais de uma dúzia de interesses nacionais, internacionais, dentro da Europa, fora da Europa foram sendo manifestados e por isso, a seu tempo, é sinal de que a TAP é de facto apetecível, por isso nós temos que ser criteriosos a vender um ativo que é um bem estratégico para todos nós” disse o ministro das infraestruturas e habitação.
Na audição, o ministro das Infraestruturas anunciou ainda que o Aeroporto de Lisboa vai deixar de ter voos entre as 1h e as cinco da manhã. Questionado pela líder parlamentar do Livre sobre o ruído causado pelos voos noturnos, Miguel Pinto Luz diz que essa é a conclusão do grupo de trabalho. Atualmente, são proibidos voos da meia-noite às 6h, mas a lei em vigor abre uma exceção, podendo haver até 91 movimentos aéreos nesse período por semana.
“O grupo de trabalho sobre os voos noturnos já concluiu e posso anunciar aqui que nós vamos implementar um ‘hard night curfew’ que vai impedir voos entre a 01:00 e as 05:00 da manhã”, anunciou o ministro das infraestruturas e habitação.
“Podem querer mais, é possível, mas depois não é compaginável com um aeroporto que está superlotado (…) o “hard curfew” é entre a uma e as cinco da manhã, e isso já é um passo gigantesco em relação aquilo que temos hoje”, rematou o ministro.