04 nov, 2024 - 09:38 • Olímpia Mairos
“Blasco deu uma borla a Ventura”. É a leitura da editora de política da Renascença, Susana Madureira Martins, depois de a ministra da Administração Interna ter deixado em aberto a possibilidade de discutir o direito à greve dos agentes policiais, posição que foi desmentida, mais tarde, pelo próprio gabinete de Margarida Blasco que esclareceu que o está em causa será apenas a representação laboral e os direitos sindicais, mas não o direito à greve.
Para Susana Madureira Martins, a ministra da Administração Interna “certamente quis agradar na sua participação no congresso das polícias e saiu algo fragilizada”.
“Não há outra maneira de dizer e, provavelmente, até terá tido um contacto ou de um ministro mais político ou do próprio primeiro-ministro para ter este recuo a toda a linha”, vinca.
No encerramento do congresso da Associação Sindica(...)
A editora de política da Renascença sublinha que este episódio “é a prova de que bons técnicos nem sempre dão bons políticos e revelam-se, sobretudo, péssimos comunicadores”.
“Neste caso, colocou em cheque o próprio primeiro-ministro que não há muito tempo considerou inaceitável e mesmo um erro abrir esta ‘Caixa de Pandora’ do direito à greve para as polícias”, assinala.
“Luís Montenegro fê-lo abertamente na campanha eleitoral de fevereiro para as legislativas, num debate, curiosamente, com André Ventura, e não há aqui margem para equívocos sobre aquilo que disse”, lembra.
Na opinião de Susana Madureira Martins, “Blasco deu aqui uma borla a Ventura” e mesmo que o Governo não queira, “a partir de agora, o espaço público e político vai mesmo discutir o direito à greve para as polícias e isso significa o risco de ter os militares a fazer exatamente a mesma reivindicação, desde a GNR aos três ramos das Forças Armadas”.