15 out, 2024 - 13:20 • João Malheiro
Rui Moreira prefere que as pessoas "zangadas hoje do que revoltadas amanhã" no que toca às soluções para a mobilidade.
Na Conferência sobre Mobilidade nas Grandes Cidades, no Porto, o autarca do Porto lamenta que o automóvel "continue a dominar a cidade" e que, ao longo dos anos, se tenha "apropriado do espaço público".
Por isso, o presidente da cidade Invicta defende que, para além de aumentar a oferta do transporte público, sejam também tomadas medidas inibitórias do transporte individual.
"Os carros são muito caros, mas depois desse investimento tornam-se muito baratos, em comparação com outras grandes cidades. Quem não valida o passe paga 120 euros e quem estaciona mal paga 30 euros" exemplifica.
Por isso, Rui Moreira pede que haja uma passagem de competências para as autarquias, usando o exemplo das multas, cujo valor podiam ser definido pelos municípios.
"Há um conjunto de atividades que não depende dos autarcas, na área turística, por exemplo" refere.
O autarca esclarece que não sente que haja "excesso de turismo", mas que um turista quando chega ao Porto "tem de ser portuense" e não estar dentro de uma redoma.
"As cidades não aguentam essa pressão. Ou são capazes de regenar por si, ou começa a haver revolta. a função de um autarca não é governar para um momento, é prevenir o que vem aí", reitera.
É por isso que são necessários "sacrifícios" para construir uma rede de transportes nas cidades, como é o caso das várias obras que atualmente se fazem sentir na cidade do Porto. Contudo, Rui Moreira não esquece que também é necessário "fazer mais na mobilidade suave".
"Todas as medidas que tomamos são dolorosas. As cidades são zonas de conflito. Não é possível agradar a todos e por causa disto acaba por não haver uma decisão", aponta, ainda.
Por fim, Rui Moreira lamenta a descoordenação na ação de vários projetos de mobilidade, indicando que, na Área Metropolitana do Porto, o transporte está de baixo de muitas tutelas.
Essa circunstância torna "inexequível resolver uma equação se o domínio de oferta está em estruturas alternativas que não se entendem entre si".
O autarca de Lisboa fica, assim, satisfeito que o novo Governo tenha reunido sob uma única alçada todas estas competências, em vez de estar dividido entre vários Ministérios, como no Executivo socialista anterior.
"A autarquia devia ter mais voz na Metro do Porto. É um projeto muito virtuoso e estou preocupado pela imagem que os portuenses têm, que haja uma degradação da relação", acrescenta.