14 set, 2024 - 12:49 • Ana Kotowicz , Isabel Pacheco
O Governo não é sério. A frase foi repetida até à exaustão por Pedro Nuno Santos durante a reunião da Comissão Nacional do PS, este sábado, em Coimbra. Primeiro, o ataque foi sobre o preço dos combustíveis, depois sobre as listas de espera de cirurgia. Seguiu-se o número de alunos sem professor e ainda o número de habitações a construir. Em cada uma destas áreas, o líder do PS acusou o Governo de ser "pouco sério na relação com os portugueses". O motivo? Luís Montenegro tem "uma única coisa em mente que é ter eleições antecipadas e preparar-se para elas".
Pedro Nuno Santos também teve uma palavra a dizer sobre o Orçamento do Estado — a saída (ou não) do IRC e do IRS jovem do OE tem sido a maior discussão entre os dois partidos do arco da governação nos últimos dias — e garantiu que o PS não viabiliza um documento que tenha "medidas lesivas para os portugueses".
O primeiro alvo de Pedro Nuno Santos foi o preço dos combustíveis, já que o executivo tem aplicado atualizações da taxa de carbono que anulam as descidas que estavam previstas para o preço da gasolina e do gasóleo.
“No dia 23 de agosto, 8 de setembro e 13 de setembro assistimos a três agravamentos fiscais no preço do combustível feitos à sexta ou ao domingo, sem comunicação prévia, sem explicação ao país pela calada, para ver se ninguém dava por ela”, disse na sala do Convento de São Francisco. O líder dos socialistas criticou o Governo, que "apresenta powerpoints para tudo", mas que não apresenta também um "sobre a sua estratégia para o fim da taxa suspensão da taxa carbónica”.
Pedro Nuno santos acredita mesmo que a generalidade dos portugueses não se apercebeu do sucedido, já que a atualização da taxa foi feita ”quando o preço da gasolina e do gasóleo estava a baixar”.
A segunda vez que fez mira, Pedro Nuno Santos atirou às listas de espera de oncologia, aquelas em que o Governo anunciou ter reduzido a lista de espera de 9.374 doentes oncológicos para 521. "O governo não tem sido transparente e sério na relação com os doentes", disse.
Segundo Pedro Nuno Santos, a equipa ministerial de Montenegro está a “limpar as listas de espera na oncologia”, mas marca as cirurgias para “daí a vários meses”, ou seja, acaba com as listas de espera, "mas não com a espera".
Depois de o antigo ministro da Educação ter criticado o atual, foi agora o líder dos socialistas quem apontou o dedo a Fernando Alexandre. O terceiro dardo de Pedro Nuno Santos foi ao número de alunos sem professor, valor que acredita que ter sido inflacionado pelo Governo para, mais tarde, apresentar bons resultados — a mesma crítica que João Costa fez, esta semana, no Parlamento na Comissão de Educação.
"Para poder mostrar uma melhoria em 2024, o Governo inflaciona, de forma despudorada, o numero de alunos sem professor", atacou o líder do PS.
Na sexta-feira, o primeiro-ministro anunciou a intenção de construir 59 mil novas casas até 2030, duplicando as 26 mil prometidas até 2026, inicialmente previstas no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
"Mais uma vez o Governo não foi sério", disse o líder do PS, rejeitando a ideia de que o número de casas vai ser duplicado. As suas contas são outras: "nuca foi objetivo ficar pelas 26 mil casas", já que o Governo de António Costa previa também apoio, saído do Orçamento do Estado, para criar casas para situações de indignidade e "estavam identificadas 87 mil famílias".
“Nestes cinco meses, o Governo tem feito propaganda e enganado em várias áreas os portugueses com uma única coisa em mente: ter eleições antecipadas e preparar-se para elas. Só que não vale tudo na política”, concluiu Pedro Nuno Santos.