09 set, 2024 - 17:17 • Tomás Anjinho Chagas
Quem estivesse a ouvir André Ventura, durante a tarde desta segunda-feira, poderia julgar que o Orçamento do Estado para 2025 já foi chumbado e que o Parlamento foi dissolvido. Não é o caso, mas o líder do Chega está focado nesse cenário.
Durante a abertura das jornadas parlamentares do Chega, que decorrem esta segunda-feira e terça-feira em Castelo Branco, André Ventura colocou o foco numa nova crise política provocada por um eventual chumbo do Orçamento do Estado.
"Não queremos perder deputados, queremos ganhá-los e passar a barreira da maioria parlamentar. Mas podemos perdê-los? Podemos", começou por cenarizar André Ventura, perante os restantes 49 deputados do Chega.
O contexto foi feito pelo líder do partido, que assume que a história penaliza os partidos da oposição que provocam a crise política. Foi o que sucedeu em 2022 com António Costa, por exemplo, altura em que o PS conquistou maioria absoluta depois de o Bloco de Esquerda e o PCP, antigos parceiros de geringonça, travaram o Orçamento do Estado e Marcelo Rebelo de Sousa convocou eleições antecipadas.
E por isso, André Ventura puxa a fita do tempo para os tempos em que Cavaco Silva era primeiro-ministro, para afirmar que nem sempre a história se repete.
"1985 não é 2024, e o que acontecerá em 2025 pode ser muito diferente do que aconteceu. O que faremos não é ceder a medos eleitorais. O que peço a todos é que reforcem ainda mais a nossa luta em cada terra, distrito e vila deste país para ganhar as eleições nacionais", pede Ventura aos seus deputados.
Num discurso que podia ser feito em plena campanha eleitoral, André Ventura pede força ao partido: "Agora é o momento de irmos à guerra com tudo". E vira-se diretamente ao primeiro-ministro para dizer que Montenegro "nunca mais me apanha na minha vida".
"Luís, nós vamos atrás de ti", promete André Ventura, referindo-se a Luís Montenegro, e assinala que o partido também "já foi atrás" de António Costa.
Primeiro-ministro deslocou-se ao local da tragédia(...)
Antes de discursar perante os deputados, André Ventura prestou declarações aos jornalistas à chegada a Castelo Branco, e deu voz às críticas ao governo e ao diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais, pelo silêncio e desresponsabilização, respetivamente, perante o caso.
"O Estado falhou, o Estado português falhou. O seu diretor dos serviços prisionais tem que assumir responsabilidades por este falhanço . Porque este é um falhanço que envergonha Portugal", começou por introduzir, para depois anunciar que vai chamar Rui Abrunhosa Gonçalves ao Parlamento.
Ventura afirma que o país "não é uma república das bananas" e revela que o Chega quer mesmo obter esclarecimentos na Assembleia da República "Vamos chamar, obviamente, o Diretor dos Serviços Prisionais ao Parlamento, vamos também exigir responsabilidades ao próprio", resume.
E o presidente do Chega pergunta onde está Luís Montenegro, lembrando a rapidez com que o Primeiro ministro se juntou às operações de busca do helicópetro que caiu no rio douro no início do mês, para logo criticar o silêncio de São Bento.
"Espero que haja pelo menos uma palavra do primeiro-ministro que se vestiu de bombeiro para ir a um incêndio, espero que também se vista de guarda-prisional para ir à prisão ver o que é que está a acontecer. Já que gosta tanto de se vestir dos setores profissionais, podia aproveitar-se, tinha uma farda de guarda-prisional e ia às prisões ver o que é que se está a passar", ironiza.