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Telmo Correia considera inútil referendo à imigração

07 set, 2024 - 21:37 • Lusa

No final de agosto, o líder do Chega anunciou a intenção de avançar com uma proposta para a realização de um referendo sobre a imigração, iniciativa que ainda não foi formalizada na Assembleia da República.

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O secretário de Estado da Administração Interna, Telmo Correia, considerou este sábado que um referendo à imigração, ideia lançada pelo Chega, é algo inútil e defendeu que a entrada de estrangeiros é necessária, mas deve ser regulada.

"Podemos ter a abordagem das associações que querem legalizar toda a gente em que circunstância for e que estão ligadas a movimentos de ativistas e, alguns deles, a forças políticas, ou então podemos fazer disto um tremendismo, tentar assustar toda a gente, propor coisas inúteis como referendos", afirmou.

O também vice-presidente do CDS-PP interveio este sábado na 10.ª edição da Escola de Quadros do partido, que decorre até domingo em Santa Maria da Feira, no distrito de Aveiro.

"O que o Governo está a fazer, e bem, é não alinhar em nenhum desses caminhos, é tentar fazer uma política sensata e correta", assinalou, defendendo a "imigração é necessária mas é preciso imigração regulada, é isso que está no programa do Governo e é isso que se pretende fazer".

Telmo Correia considerou que o fim da manifestação de interesse "é o elemento mais importante e mais visível dessa regulação, mas não chega", referindo outras medidas que o Governo tem em marcha, como a nova Unidade de Estrangeiros e Fronteiras.

No final de agosto, o líder do Chega anunciou a intenção de avançar com uma proposta para a realização de um referendo sobre a imigração, iniciativa que ainda não foi formalizada na Assembleia da República.

Na sua intervenção, o secretário de Estado da Administração Interna salientou que Portugal tem sido "consistentemente considerado como um dos 10 países mais seguros do mundo", mas admitiu que há em certos locais do país um "sentimento de insegurança subjetiva relacionado com a entrada de pessoas" estrangeiras, uma vez que estes têm "culturas e hábitos diferentes".

Telmo Correia disse que isso "não pode ser ignorado e descurado", mas criticou aqueles que "procuram explorar da forma mais negativa possível" esta perceção.

O governante salientou que as "estatísticas não demonstram que haja um problema de criminalidade diretamente associado à vaga migratória e ao sistema quase de porta aberta dos últimos tempos".

"Não temos mais crimes por termos mais migrantes, não temos mais crimes cometidos forçosamente por migrantes e não temos uma população prisional essencialmente composta por migrantes ou em que eles tenham um peso significativo em relação ao passado", acrescentou.

O secretário de Estado da Administração Interna indicou ainda que o Governo "muito em breve" irá avançar com o diploma relativo ao agravamento de penas para crimes cometidos contra elementos das forças de segurança, mas não quis comprometer-se com uma data para a apresentação da proposta de lei no parlamento.

Falando perante uma plateia de jovens centristas, o secretário de Estado foi questionado também sobre a possibilidade de os elementos das forças de segurança terem filiação partidária, ideia que recusou.

Telmo Correia defendeu que estes profissionais "não podem nem devem ser partidarizados", afirmando que isso é "um erro" porque "grande parte do seu estatuto e da sua autoridade, tal como as Forças Armadas, vem de representarem a soberania".

O secretário de Estado considerou que os polícias também não devem ter direito à greve, sustentando que são "servidores do Estado, mas não meros funcionários públicos". E defendeu que têm de ser valorizados, não apenas em termos salariais, mas também ao nível das condições de trabalho, melhores instalações e equipamento.

Neste ponto, o dirigente do CDS-PP voltou a apontar críticas ao Chega, considerando "lastimável" um partido ter "apelado à contestação" das forças de segurança no parlamento.

"É muito engraçado que quem diz que quer pôr ordem depois apele permanentemente à desordem, acho que há aí uma contradição", criticou.

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