06 set, 2024 - 18:50 • Manuela Pires
Em vésperas da segunda ronda negocial entre o Governo e os partidos da oposição, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, diz que "os portugueses não querem birras" e considera que o Partido Socialista está a arranjar pretextos para fugir ao que interessa ao país: a aprovação do Orçamento do Estado para o próximo ano (OE2025).
O PS avisou esta sexta-feira que não “está em condições de encetar negociações” sem ter a informação sobre a margem orçamental para o próximo ano.
Na resposta, Luís Montenegro avisa que há muito tempo ao longo do processo negocial para disponibilizar a informação que é agora exigida pelo deputado socialista António Mendonça Mendes.
“Estamos disponíveis para facultar a informação que é possível partilhar, temos dado resposta ao que nos tem sido solicitado e estou agora a ser confrontado com mais dúvidas e é natural que possa haver neste percurso muitas oportunidades para haver troca de opiniões e informação”, disse o primeiro-ministro.
OE2025
António Mendonça Mendes diz que não lhe “passa pel(...)
Luís Montenegro falava aos jornalistas em Espinho, depois de ter exercido o direito de voto nas eleições diretas do PSD. Perante a ameaça do Partido Socialista de não comparecer nas negociações na próxima terça-feira, o primeiro-ministro acusou os socialistas de estarem a fazer uma "birra" que não serve a ninguém.
“Sinceramente, arranjar pretextos para distrair as pessoas com detalhes, não estou a menosprezar a vontade de ter informação, mas sinceramente os portugueses não querem birras, não querem questiúnculas”, declarou.
“Seguramente que este Governo apresentará mais elementos do que os governos anteriores apresentavam às oposições. Mas não estou muito interessado nessa dialética”, garantiu o primeiro-ministro.
Luís Montenegro também não têm paciência para o debate sobre a sua ausência nas negociações da próxima semana na Assembleia da República.
"Vamos assentar bem os pés no chão, queremos ou não queremos trabalhar para Portugal? Ou queremos discutir minudências e pequenas questões para arranjar pretextos sempre para andar a distrair as pessoas?", questionou, dizendo que só não esteve na reunião em julho por motivos de doença.
"Se alguém quiser fazer esse jogo, faça à vontade, só acho que é pura e simplesmente baixa política", respondeu o primeiro-ministro.
Montenegro voltou a repetir que os portugueses querem respostas para os seus problemas e espera que os partidos e “o espaço mediático percam menos tempo com aquilo que não interessa, nem resolve os problemas das pessoas, e perca o tempo todo se possível na busca de soluções” para os seus problemas.
Os números do Governo para a despesa e receita em 2025 foram revelados esta sexta-feira. Segundo o Quadro de Despesa Plurianual a que a Renascença teve acesso, são reforçadas sobretudo as áreas da juventude, administração interna, agricultura, trabalho, segurança social e saúde.
A despesa sobe quase 11%, sem a gestão da dívida, e a receita aumenta mais de 21%. Ou seja, o executivo de Luís Montenegro propõe para 2025 um aumento da despesa em quase 11%, mas estes valores ainda não incluem a gestão da dívida. Já a receita deverá aumentar mais de 21%, quase 20% através de impostos, o restante virá de fundos europeus e outras fontes.
“Acreditar em Portugal” é o título da moção com qu(...)
O primeiro-ministro revela que já abordou o tema do nome do futuro procurador-geral da República (PGR) com Marcelo Rebelo de Sousa e garante que a escolha vai ser concertada com o Presidente da República, que vai nomear o sucessor de Lucília Gago.
"Falamos de todos os assuntos que interessam ao país, incluindo esse que, naturalmente, implica um diálogo, que já começou de resto, entre o primeiro-ministro e o Presidente da República", afirmou Montenegro.
Questionado pela Renascença sobre se já tinha "um nome" para suceder a Lucília Gago, o primeiro-ministro lembra que a escolha é do primeiro-ministro, mas é o Presidente que tem a capacidade de nomear.
"Portanto, será sempre numa relação de concertação que essa e outras matérias são percorridas e depois decididas. Mesmo quando não há esse enquadramento institucional aquilo que tem acontecido é que nós partilhamos a nossa visão, posições nos encontros que temos e têm sido muitos como sabem", respondeu Luís Montenegro.
O Presidente da República afirmou, esta sexta-feira, que vai começar a tratar da sucessão da procuradora-geral da República, Lucília Gago, com o primeiro-ministro para a semana, e referiu não saber que método Luís Montenegro pretende adotar nesta matéria.
[notícia atualizada às 21h14]