03 set, 2024 - 16:59 • Manuela Pires
O PSD insiste que David Neelman não comprou a TAP com dinheiro da própria companhia aérea porque isso seria uma solução “tecnicamente impossível de existir” e vai chamar o responsável pela Inspeção Geral de Finanças ao parlamento.
O relatório da IGF conhecido nas últimas horas revela que a TAP foi comprada com o próprio dinheiro da companhia aérea, mas de forma legal, usando um esquema que permitiu contornar o Código das Sociedades Comerciais, que impede a cedência de empréstimos ou fundos a um terceiro para que este adquira ações próprias. Segundo o documento, a estratégia era do conhecimento da Parpública e do Governo da altura, liderado por Passos Coelho e com Maria Luís Albuquerque como ministra das Finanças.
Ministro era secretário de Estado e esteve envolvi(...)
Em declarações aos jornalistas, o deputado do PSD Gonçalo Lage referiu que este relatório não tem nada de novo e reiterou que David Neeleman não poderia nunca ter feito o negócio dessa forma.
“David Neeleman não comprou a empresa com o dinheiro da própria empresa. Tecnicamente não é possível nenhum acionista entrar na empresa, ter a gestão da empresa sem obviamente ter comprado as ações. É uma solução tecnicamente impossível de existir”, referiu o deputado social-democrata.
Gonçalo Lage considera que a conclusão do relatório não traz nada de novo e que toda a informação era já conhecida e foi alvo de debate quer na comissão de economia, quer na comissão parlamentar de inquérito.
David Neeleman e Humberto Pedrosa
Inspeção-Geral das Finanças recomenda envio do rel(...)
“A única novidade que existe mesmo no meio deste burburinho todo é a indicação de Maria Luís Albuquerque para um cargo de elevada importância na comissão europeia. De resto este assunto já se arrasta há 9 anos quando foi feita a privatização da empresa, (…) não apareceu nas notícias que vieram a público qualquer facto novo”, conclui Gonçalo Lage.
O social-democrata acusa os partidos da oposição de “precipitação”, por “estarem a comentar um relatório” que ainda não foi enviado à Assembleia da República — e, portanto, não será do conhecimento dos deputados.
Gonçalo Lage critica também o momento em que a IGF decidiu revelar o relatório que foi pedido o ano passado pelo ministro das Finanças, Fernando Medina, na sequência da Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão pública da TAP. “É altura de as instituições do país estarem ao serviço do país, e não ao serviço da política”, referiu, lembrando que este é um processo que se arrasta há nove anos.
Questionado sobre as implicações que o caso poderá ter para Maria Luís Albuquerque e para o ministro Miguel Pinto Luz, o deputado do PSD garante que não está preocupado e que não vai afetar nenhum deles, uma vez que “não há nada de novo”.