01 set, 2024 - 12:08 • Manuela Pires
O primeiro-ministro aproveitou o discurso de encerramento da Universidade de Verão do PSD para responder à oposição que, nos últimos dias, criticou a falta de diálogo por causa do Orçamento do Estado.
Luís Montenegro diz que as oposições estão desorientadas, que criam instabilidade no país e que estão com a cabeça cheia de fantasmas do Orçamento do Estado. Aproveitou para, mais uma vez, dizer que o Governo não quer eleições antecipadas e que não precisa delas para governar o país e conclui que o país está com o Governo.
“A minha convicção é que, neste momento, o país está com o Governo. Aquilo que nós não sabemos é se a oposição vai estar com o país”, diz o primeiro-ministro.
“Este Governo não precisa de eleições para governar ou se relegitimar. Temos o suficiente para cumprir o nosso programa, assim haja responsabilidade política em Portugal para não haver um bloqueio governativo”, assegura.
Montenegro voltou a pedir à oposição para o deixar governar e garante que a instabilidade não está no Governo, mas sim do lado da oposição.
“Ao contrário do que muitos vaticinaram, Portugal não tem nenhuma instabilidade no Governo. Em Portugal não há nenhuma instabilidade política, tirando a da oposição”, reitera.
“A verdadeira instabilidade política que há em Portugal é da oposição, que passa a vida a dizer uma coisa e o seu contrário, falam antes do tempo e são impulsivos”, acrescentou, dando o exemplo das declarações desta semana do líder do Chega, que anunciou que se retira das negociações com o Governo. Luís Montenegro considera essa posição inusitada e imatura por parte de André Ventura.
“O líder do Chega sente-se despeitado porque viu uma notícia – que por acaso não é verdade - e concluiu que, durante agosto, tinha havido negociações entre PS e PSD e, vai daí, de uma forma imatura e precipitada, diz ‘não quero ter nada a ver com o orçamento’”, critica.
O Partido Socialista também mereceu críticas pro parte do primeiro-ministro sobre a falta de respostas à carta enviada por Pedro Nuno Santos.
“Sente-se despeitado porque, durante o mês de agosto, ninguém lhe disse nada. Pois não, não era isso que estava combinado. Estamos a 1 de setembro. Estamos a tempo, em tempo e no tempo para falar com os partidos políticos e concluir a proposta de Orçamento do Estado. De onde vêm estes fantasmas, de onde vem tanta desorientação?”, questiona.
O primeiro-ministro voltou a dizer que o Governo vai para as negociações com os partidos da oposição de forma leal e responsável e sem se desviar do caminho, lembrando as propostas que já foram aprovadas no Parlamento e que tem implicações na proposta para o próximo ano.
“Não vou simular vontade de negociar. Vou sentar-me e, de uma forma responsável e leal, colocar as questões em cima da mesa. Em segundo lugar, não nos vamos desviar da essência do nosso programa”, diz.
“O Orçamento já está muito condicionado pelo conluio entre o PS e o Chega: vamos ter uma descida do IRS diferente do que o Governo queria e mais cara abolição de portagens de uma forma que é injusta em si mesmo e descida do IVA da eletricidade”, lembrou Montenegro.
No discurso deste domingo, o primeiro-ministro respondeu ainda às críticas que a oposição fez à escolha de Maria Luís Albuquerque para comissária europeia, referindo que os “troikistas” são os socialistas.
“Se há coisa que os portugueses sabem é que, em Portugal, os ‘troikistas’ são os socialistas. A história está mais do que ilustrada. Sempre que houve ‘troika’ em Portugal os pais e as mães das políticas de austeridade que as ‘troikas’ trouxeram foram os governos do PS. É factual, não é sequer suscetível de oposição”, disse Luís Montenegro, considerando que “os pais e as mães” das políticas de austeridade impostas externamente foram sempre governos do PS.
[Notícia atualizada às 13h29 para acrescentar mais declarações do discurso de Luís Montenegro]