31 ago, 2024 - 20:35 • Tomás Anjinho Chagas
António Costa fintou, esta noite, as perguntas dos jornalistas sobre a negociação do Orçamento do Estado para o próximo ano e assegurou que "segue" o seu líder partidário, Pedro Nuno Santos, rejeitando dar conselhos ao seu sucessor à frente do Partido Socialista.
O presidente eleito do Conselho Europeu foi o convidado Academia Socialista, este sábado, e o seu discurso nesta rentrée política dos socialistas marca o regresso do antigo primeiro-ministro à vida partidária do PS, quase seis meses depois - a última vez tinha sido na noite das eleições legislativas, no dia 10 de março.
Mas depois do discurso, foi a vez dos alunos da Academia Socialista fazerem perguntas ao antigo líder do PS. Um deles perguntou pelo Orçamento do Estado, e António Costa acabou por ceder e falar sobre o tema.
O antigo primeiro-ministro assinalou que Pedro Nuno Santos conseguiu negociar quatro orçamentos nos tempos da geringonça, lembrando o período em que Pedro Nuno Santos era secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, António Costa considera que tendo em conta essa experiência, se o Orçamento do Estado não for aprovado "não será seguramente por culpa" de Pedro Nuno Santos.
No final da intervenção que planeou, António Costa assumiu que nos próximos tempos vai marcar menos presenças em eventos do PS, mas também garantiu: "Podem ver-me menos, mas eu estou cá", sublinhou.
Durante o discurso, o antigo primeiro-ministro focou-se essencialmente em temas europeus, e quando falou de Portugal concretamente, foi só para se referir aos desafios do país em relação à Europa.
No meio dos conselhos que foi deixando, voltou-se para as empresas portuguesas para pedir que aumentem salários, ou arriscam-se a perder o talento para a concorrência noutros países europeus que têm melhores remunerações.
António Costa lamenta ainda que a Europa esteja a ter dois pesos e duas medidas em relação à violação dos direitos humanos, referindo-se à crise humanitária em Gaza, acentuada pelo escalar do conflito entre Israel e a Palestina.
"A Europa tem de saber liderar naquilo em que é imbatível, que é nos valores, e tem de o fazer de uma forma que não tenha duplos critérios e em que perceba como uma vida humana em Gaza vale tanto como uma vida humana na Ucrânia”, sublinha o antigo primeiro-ministro.
Ainda à entrada da sala, questionado pelos jornalistas, sobre o processo de escolha da nova comissária europeia portuguesa - que tem sido amplamente criticado pelo PS - António Costa preferiu manter-se à parte da política nacional, desejando apenas "felicidades" a Maria Luís Albuquerque, nome escolhido esta semana pelo Governo da AD.