30 ago, 2024 - 20:47 • Tomás Anjinho Chagas
Continua a aumentar a pressão para o Governo para fazer cedências, isto se quiser aprovar o Orçamento do Estado. Alexandra Leitão, líder parlamentar do PS, avisa a AD que os socialistas não se vão deixar "pressionar, nem humilhar" durante as negociações.
Alexandra Leitão lembra que as eleições foram ganhas "por muito pouco" e vinca que se Luís Montenegro quiser aprovar o OE tem de se aproximar do PS.
"Um OE de direita só pode ser aprovado pelas forças políticas de direita na AR. Não contem com o PS para isso", avisou.
A socialista e ex-ministra sublinha que a AD “não pode aprovar sozinha o OE” e tem mesmo de negociar, e atira forte ao primeiro-ministro pelas declarações desta quinta-feira, onde se demonstrou surpreendido pela “agitação” em torno do debate sobre o Orçamento.
“Aquilo a que ainda ontem Luis Montenegro chamava “agitação” é na verdade a democracia a funcionar”, desfere Alexandra Leitão.
O governo vai dizendo que está disposto a negociar, mas Alexandra Leitão considera que o executivo “finge que quer negociar” e acredita que as reuniões com a oposição sobre vários temas têm sido “uma espécie de speed dating para inglês ver”.
Criticando a tentativa de vitimização do PSD, a líder da bancada socialista conclui: “Isso é tentar enganar os portugueses”, e de estar em “campanha eleitoral permanente”.
A líder da bancada socialista foi a protagonista da noite desta sexta-feira na Academia Socialista, em Tomar, que recebe este sábado o regresso de António Costa a um evento partidário. O presidente do Conselho Europeu eleito vai discursar em Tomar. A reéntre socialista é encerrada no domingo com um discurso do líder, Pedro Nuno Santos.
Como era de esperar, a líder parlamentar do PS voltou ao tema da interrupção voluntária da gravidez, para assegurar que quer lançar o "debate sobre a despenalização do aborto realizado por opção da mulher para além das 10 semanas, como eu, pessoalmente, defendo há muito", resume.
Já esta sexta-feira, Miguel Costa Matos, líder da Juventude Socialista justificou a necessidade de alargar o prazo para o aborto. E Ana Sofia Carvalho, especialista em bioética e professora da Universidade Católica acusou os socialistas de "aproveitamento político".
A líder da bancada do PS puxou ainda o tema da violência doméstica para prometer um combate "sem tréguas" e quer colocar o peso em cima das autoridades.
"Governar para os jovens é combater sem tréguas a violência doméstica, responsabilizando todos aqueles, incluindo as autoridades que, uma vez alertadas, permitem que mulheres continuem a ser mortas pelos seus companheiros", afirmou Alexandra Leitão.
A líder parlamentar do PS é um dos nomes preferidos a ser a candidata socialista para tentar derrubar Carlos Moedas nas eleições autárquicas do próximo ano, e essa foi uma das perguntas que foi feita pelos alunos da Academia Socialista.
Questionada se rejeita ser candidata no próximo ano, Alexandra Leitão assinala a alegria que é ser líder da bancada do PS no Parlamento, mas admitiu que se interessa pelo trabalho autárquico.
"Estou mesmo de corpo e alma nesse lugar [líder parlamentar], sem prejuízo de nunca ter escondido que acho interessante o trabalho que se faz nas autarquias", sublinhou Alexandra Leitão.
Esta quinta-feira, em entrevista à Renascença, Duarte Cordeiro, ex-ministro do Ambiente e um dos rostos mais influentes no universo socialista em Lisboa, voltou a dizer que não tenciona candidatar-se a nenhum cargo politico, apesar de não definir por quanto tempo.